segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Hidrelétricas: necessidade ou ganância?

O texto

Localizada no noroeste gaúcho e fazendo fronteira com Santa Catarina e Argentina, Derrubadas é uma pequena cidade interiorana de apenas 3.000 habitantes, mas um ótimo lugar para se viver. Nos últimos anos, as construções de hidrelétricas ao longo do rio Uruguai colocaram uma incógnita não apenas no futuro do nosso município como de toda região: o maior potencial turístico regional, o Salto do Yucumã, a maior queda d'água longitudinal do mundo e considerada uma das sete maravilhas do estado, já tem grande parte de suas quedas comprometidas pela ação das usinas, o que se agravará muito mais com a construção de novas hidrelétricas, principalmente com a hidrelétrica de Itapiranga, a pouco mais de 20 km, e com o complexo Garabi – Panambi, um projeto binacional entre Brasil e Argentina e que prevê ser o maior empreendimento hidrelétrico do estado. 
Conforme os idealizadores das usinas e grandes empresários envolvidos, os empreendimentos hidrelétricos gerarão milhares de empregos e serão excelentes para o Rio Grande do Sul, visto que aumentarão a integração energética entre Brasil e Argentina, permitindo que o estado importe menos energia de outras regiões do país, assim tendo maior autonomia nos recursos energéticos. 
Por outro lado, os que são contra destacam os imensos problemas que as barragens provocarão no nosso meio. Comunidades ribeirinhas deixarão para trás suas raízes culturais; o ecossistema local será afetado, pois áreas nativas serão inundadas e belezas naturais, como principalmente o Salto do Yucumã, serão submersas. Logo, o comércio turístico terá uma grande queda já que perderá seu principal sustentáculo. Afirmam também que se o Salto for submerso, perderão parte de sua identidade. 
Contudo, considero a produção de energia fundamental, mas os impactos ambientais e sociais gerados pela construção de tais hidrelétricas são arrasadores e de proporções indiscutíveis, aliás, nossos rios estão todos fragmentados e em desequilíbrio, juntamente com o restante da natureza se tornando mercadorias, por isso, deve-se ponderar o preço que a população e a natureza terão de pagar; a exemplo disso, a perda do maior potencial turístico da região, uma preciosidade, a maior do mundo, que leva seu nome a uma rota e sua beleza e encantamento como referência e orgulho de uma região. Sendo assim fico a perguntar: será que a necessidade energética justifica tantos problemas? 
Na minha opinião, deve-se recorrer a outros recursos energéticos tão renováveis quanto este, mas que causam menos impactos ao meio ambiente, como a energia solar e eólica, que apesar de terem um custo ligeiramente maior que a hidrelétrica, garantem menos transtornos, aliando à preservação da natureza e não perturbando a vida local. Podemos citar como exemplo a China, que concilia seu desenvolvimento diversificando a matriz energética, assim conseguindo menor dependência de combustíveis fósseis e preservando o meio ambiente, motivo que lhe garante o 1º lugar no ranking mundial de energia eólica. Sendo assim, o Brasil também poderia explorar mais este recurso, segundo o Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, da Eletrobrás, o país tem capacidade para gerar até 140 GW, porém, atualmente a capacidade instalada não passa de 1% da estimativa. Recentemente, recebemos grandes investimentos que muito contribuíram para o desenvolvimento da área turística, e o município inteiro está se voltando para receber e aconchegar cada vez mais e melhor os visitantes. Estamos depositando tantas expectativas, mas o que faremos se tudo for em vão? É lamentável, mas está sucedendo o mesmo ocorrido com as Sete Quedas do rio Paraná, quando a gigante Itaipu foi construída. 
Enfim, a energia se faz necessária, no entanto devemos procurar alternativas que mantenham o equilíbrio ecológico e não desestruturam alicerces da sociedade, pois hoje não mais podemos escolher focando apenas o lado financeiro, mas também visando um amanhã sustentável, e como Gandhi dizia: “a natureza pode suprir todas as necessidades do homem, menos a sua ganância”. Que façamos algo enquanto há tempo... 

O autor
Ricardo Bauer Pilla, 3º ano 


Sobre o texto
Olá, me chamo Ricardo Bauer Pilla, estudante do 3º ano do ensino médio da Esc. Est. de Ens. Médio Getúlio Vargas, de Derrubadas-RS, a terra do nosso grandioso Salto do Yucumã... Acompanho o trabalho de vocês já faz algum tempo, todas as informações e defesas são ótimas e de grande importância, esta iniciativa de vocês é muito válida e por isso merecem o reconhecimento de tão bela atitude que é a defesa de nossos recursos naturais, principalmente o ameaçado Salto do Yucumã.

Desde junho participei da Olimpiada de Língua Portuguesa - escrevendo o fututo, edição 2012 - na categoria Artigo de Opinião, sendo este que deveria abordar sobre uma polêmica no lugar onde vivo; enfim, escolhi o tema mais difundido e divergente do meu local, "As hidrelétricas e o Salto do Yucumã"... 

Pesquisei muito, e o blog de vocês foi o meu amparo e o meu "Barsa", foi dali que pude tirar minhas próprias opiniões, contras e a favores, exemplos, citações, vozes e argumentos para meu texto; tive a oportunidade de tirar minhas dúvidas, de ampliar meu conhecimento e escrever sobre tal assunto que tanto me deixa inquieto.

Enviamos o tal artigo, e eu e minha professora de língua portuguesa, Marguit Lina Renner Sulczewski, fomos classificados como semifinalistas da olimpíada, e dos dias 26 a 29 de novembro participamos do encontro regional em Belo Horizonte - MG. Neste mesmo local, tivemos mais um resultado, e felizmente fomos novamente classificados para a etapa final, que ocorre em Brasília - DF, no dia 09 e 10 de dezembro, nesta oportunidade conheceremos os 5 vencedores de todo o Brasil. 

Enfim, quero por meio deste ( se há possibilidade) de divulgarem meu texto no blog de vocês, quero fazer parte de mais uma defesa de nosso incontestável Salto do Yucumã e de tantas outras belezas e histórias que estão ameaçadas pela ação das hidrelétricas...

Dia 9, antes de ir para Brasília, terei de fazer o vestibular da UFSM em Frederico Westphalen, chegarei lá em Brasília meio atrasado, mas não posso deixar de fazer o exame que é a porta de entrada desta universidade, e ano que vem, se tudo ocorrer bem estarei "ai" no CERNORS com vocês, mas em Engenharia Florestal...

Meu texto segue anexado, qualquer coisa me contatem por este mesmo endereço de email ou pelo facebook - Ricardo Bauer Pilla -.

Desde já, agradeço pela atenção e por também fazerem parte da defesa do Salto, pois aqui em NOSSO município não há demais preocupações, ou estas não passam do pensamento e daquelas conversas corriqueiras; as ações que são importantes são deixadas de lado...

Por favor continuem defendendo nossa beleza, nosso encanto... Parabéns, do fundo do peito por esta iniciativa.