quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Um parabéns bem grande!





Ontem o grupo recebeu uma excelente notícia: nosso professor e mestre orientador, Carlos Domingues, recebeu a notícia que de o projeto "Ribeirinhos do Rio Uruguai" lhe renderia muito mais que algumas boas histórias para contar ou alguma frustração com a política nacional e internacional. Ontem nosso amigo, professor e exemplo de profissionalismo: Cadré, nos informou que a partir do próximo ano é o mais novo futuro doutor pela UFRGS.

O projeto de tese aprovado para tal fato? Ribeirinhos do Rio Uruguai.

Sim, nosso projeto alçou voos mais altos depois desta notícia. Os planos de futuro do até então amado professor do Cesnors já se mostrou não caber mais naquela "média" cidade.
Lembro de alguns dias atrás ele falando da vida. Falava que precisava de algo novo. De algo que animasse a pacata vida de um cara da cidade grande que foi ganhar a vida, do lado da grande família, no interior. Seu talento e sua criatividade mereciam algo além. Algo maior. Pois aí está, e nada mais que o merecido!

Cadré, quero que saibas que foram diversos os dias que sentamos a mesa de um bar para pensar sobre os rumos do nosso projeto. Foram em todos esses momentos que aprendemos a enxergar o além daquilo que nossa faculdade oferecia. Você nos mostrou que é necessário sair da zona de conforto e sujar as calças para conseguir algo que os outros não têm.

Você, que fez aquele belo discurso de formatura, nos fez viver histórias que contaremos a amigos, filhos e possíveis netos.

Enfim, Cadré! Saiba que não foi graças a nós que isso se tornou realidade. Foi graças a você, que nos arrastou junto nessa empreitada, um a um, que hoje teu presente lhe sorri.

Sorte, sucesso, felicidade, saúde e boa memória. Para lembrar a cada dia de cada um dos loucos dias de aventuras que vivemos.

Porque tu é O CARA!

Agricultores resistem à construção da Usina Itapiranga

Alvo da manifestação foi o escritório da Eletrosul, que estaria trabalhando de forma impositiva para viabilizar a obra.

Por Leandro Kempka

Centenas de pessoas, a maioria agricultores dos municípios de Itapiranga, Pinheirinho do Vale, Vicente Dutra e Caiçara, participaram de uma manifestação, na sexta-feira, 25, contra a realização dos estudos para a construção da Usina Itapiranga.

A marcha iniciou no Colégio Agrícola de Itapiranga rumo ao centro da cidade, onde aconteceu manifesto em frente ao escritório da Eletrosul – instalado para intermediar nas negociações e realizar os estudos de impacto ambiental da usina. O ato encerrou às margens do rio Uruguai, onde peixes nativos foram soltos com o objetivo de alertar para a diminuição das espécies.

De acordo com o coordenador-regional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Marcelo Leal, os técnicos do escritório da Eletrosul – recentemente instalado em Itapiranga – estariam trabalhando com uma linguagem impositiva, o que desagrada os agricultores. “O pessoal está dizendo que a usina vai ser construída de qualquer forma, mas o fato é que a comunidade está resistindo e ainda não existe estudo algum. O próximo passo será a realização de uma audiência pública com os técnicos da Eletrosul. Vamos reivindicar o fechamento do escritório e a paralisação dos estudos de viabilidade”, afirmou Leal.

Leal ainda explicou que poucas pessoas sabem qual é o verdadeiro impacto, tanto social como ambiental, que a construção do empreendimento vai ocasionar para a região. “São mais de 1,5 mil famílias que irão sair, o que causará o êxodo rural e o empobrecimento da região”, acrescentou.

O gerente de patrimônio e meio ambiente da Eletrosul, Martin Carlos Resener, garante que o trabalho não está sendo realizado de forma impositiva e que o objetivo é apenas cumprir o cronograma previsto pelo Ministério de Minas e Energia. “A gente trabalha com diálogo e negociações, sempre respeitando o rio, conciliando interesses e evitando conflitos. Estamos trabalhando para realizar o estudo de viabilidade técnica e econômica da usina até fevereiro de 2014, como propõe o cronograma do Ministério de Minas de Energia. Vivemos o dilema de conciliar o desenvolvimento com a preservação”, explicou.

Ainda conforme Resener, em termos práticos, depois que os estudos forem concluídos, provavelmente o projeto da usina seja concretizado.

Durante o protesto ainda aconteceu uma palestra com o professor, mestre em Botânica, doutor em Ecologia e Recursos Naturais, Paulo Brack, que falou sobre os impactos ambientais ocasionados pela construção de hidrelétricas no rio Uruguai. Confira a entrevista exclusiva com o especialista na edição de sábado.


Manifestações atrasam implantação da usina
Conforme o cronograma inicial do projeto, após a sondagem geográfica, medições hidrométricas, topografia, cadastro socioeconômico e as liberações de licença ambiental, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) realizaria o leilão para construção do empreendimento em junho de 2008, com previsão para início da obra em junho de 2009, e início da operação em junho de 2013. No entanto, devido às manifestações contra o projeto, nem mesmo os estudos socioeconômicos foram realizados.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Agricultores mobilizados contra a barragem Itapiranga

Ato aconteceu no dia 25, no município de Itapiranga, e contou com a participação de centenas de pessoas

Por Leandro Kempka

Agricultores dos municípios de Pinheirinho do Vale, Vicente Dutra e Caiçara reuniram-se ontem, 25, no município de Itapiranga, com produtores agrícolas catarinenses que residem às margens do rio Uruguai, onde aconteceu um ato contra a construção da barragem Itapiranga, que deve atingir mais de 1,5 mil famílias ribeirinhas.

O ato em defesa dos recursos naturais e das propriedades agrícolas iniciou às 9 horas, com saída da frente do Colégio Agrícola de Itapiranga. A marcha seguiu até o centro da cidade e finalizou às margens do rio Uruguai, onde aconteceu o plantio de árvores nativas.

Na sequência, aconteceu palestra com o professor, mestre em Botânica, doutor em Ecologia e Recursos Naturais, Paulo Brack, que falou sobre os impactos ambientais ocasionados pela construção de hidrelétricas no rio Uruguai.

De acordo com o coordenador regional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Marcelo Leal, um dos objetivos é denunciar o escritório da Eletrosul, instalado em Itapiranga. “O pessoal veio com uma linguagem impositiva e está dizendo que a usina vai ser construída de qualquer forma, em função da liberação para o estudo de viabilidade fornecido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Mas o fato é que a comunidade está resistindo e ainda não existe estudo algum”, explicou.

Leal ainda explica que poucas pessoas sabem qual é o verdadeiro impacto, tanto social como ambiental, que a construção do empreendimento vai ocasionar para a região. “São mais de 1,5 mil famílias que irão sair, o que causará o êxodo rural e o empobrecimento da região”, acrescenta.

Conforme o cronograma inicial do projeto, após a sondagem geográfica, medições hidrométricas, topografia, cadastro socioeconômico e as liberações de licença ambiental, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) realizaria o leilão para construção do empreendimento em junho de 2008, com previsão para início da obra em junho de 2009 e início da operação em junho de 2013. No entanto, devido às manifestações contra o projeto, nem mesmo os estudos socioeconômicos foram realizados.

De acordo com a assessoria de imprensa da Desenvix S.A., empresa responsável pelo estudo de viabilidade da usina, os trabalhos foram suspensos devido às ameaças que os técnicos da empresa que trabalhavam na região estariam sofrendo.

A continuação dos estudos depende da interferência da Eletrosul, que implantou um escritório no município catarinense de Itapiranga para intermediar as negociações entre a comunidade, prefeituras e MAB.


Dados gerais da barragem Itapiranga

O estudo prevê a implantação da Usina Hidrelétrica Itapiranga, entre os municípios de Itapiranga e Pinheirinho do Vale, com potência instalada prevista de 724,6 megawatts, semelhante à já construída Hidrelétrica Foz do Chapecó, localizada entre Alpestre e Águas de Chapecó.

A represa está prevista para ser construída na altura das localidades de Santa Fé Baixa, em Itapiranga, e Capivara, em Pinheirinho do Vale.

Devem ser alagados 2,8 mil hectares dos municípios catarinenses – Itapiranga, São João do Oeste e Mondaí – e quatro gaúchos – Pinheirinho do Vale, Caiçara, Vicente Dutra e Vista Alegre.

A Usina Hidrelétrica Itapiranga está prevista no Plano de Aceleração do Crescimento do governo federal e o investimento estimado é de R$ 2 bilhões.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Movimento Gota D'água - YouTube

Faça algo para não se arrepender depois.
Afinal, não é preciso estar totalmente envolvido para sentir-se culpado.

Veja, repasse, assine!

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

O grande roncador quase não grita mais

O grupo de pescadores e barqueiros se preparava para sair pelo rio. Eram um pouco mais do que sete horas e o céu estava encoberto. O objetivo era fazer um trajeto de 75 quilômetros pelo Rio Uruguai, de Iraí até Pinheirinho do Vale. No meio de quase 60 barcos, de variados tamanhos, uma lancha envergava a bandeira argentina em meio as do Rio Grande do Sul, Frederico Westphalen e Brasil. O piloto desta lancha, capaz de levar até 11 pessoas é o argentino Miguel Pazze, que há mais de 20 anos leva turistas do mundo todo para conhecer uma ameaçada maravilha da natureza: o Salto do Yucumã. Para o argentino, o Rio Uruguai já sofre com as alterações que o homem faz ao construir barragens.

- As barragens que já estão funcionando, como Fóz do Chapecó, elas, este ano, modificaram bastante o regime do rio. Eu acredito que não é uma casualidade. Se o rio se mantém mais alto o Salto do Yucumã vai desaparecer. Vai ter uma mudança importante no funcionamento do rio. Já percebemos isso – adverte Miguel, que ganha a vida levando turístas para dentro do desfiladeiro aquático do Salto do Yucumã, uma das sete maravilhas do Rio Grande do Sul e maior salto longitudinal do mundo.

As constantes elevações do nível do Rio Uruguai por conta da liberação de água pelos empreendimentos hidrelétricos são um problema real e imediato. Especificamente sobre Foz do Chapecó, hoje a usina mais próxima do Salto do Yucumã, a situação é conflituosa. Desde o enchimento do lago ano passado que a empresa e o órgão licenciador, o Ibama, são réus de inquérito aberto pelo Ministério Público Federal. O problema principal é o alagemanto do lago ainda com parcela da vegetação no local do lago e a inexistência de canal lateral para que os peixes possam subir o rio, a exemplo do que ocorre na Usina de Foz do Iguaçu.

A fala do barqueiro é um retrato da vida real, longe dos gabinetes de Brasília e Porto Alegre que nos discursos em prol da construção de mais barragens no convalecente Rio Uruguai louvam as hidrelétricas e reduzem os impactos ambientais e sociais dos empreendimentos. Hoje, o Rio Uruguai já está próximo do modelo de uma sucessão de lagos. E as barragens afetam tanto o equilíbrio da biodiversidade quanto o regime das águas e a vida de uma grande população de ribeirinhos. Desta população, aproximadamente 5 mil pessoas, moram no entorno do parque Estadual do Turvo, o mais antigo parque gaúcho e porta de entrada para um corredor de biodiversidade que se estende até quase Fóz do Iguaçu, percorrendo as províncias de Corrientes e Missiones na Argentina. Geograficamente, o Rio Uruguai divide uma grande área binacional de preservação de floresta subdecidual de aproximadamente 80 mil hectares, sendo 17 mil hectares no Brasil e o restante na Argentina, no parque provincial de Moconã. Exatamente no centro desta área encontra-se o Salto do Yucumã (Salto del Moconã em espanhol), a maior queda d'água longitudinal do mundo, com 1,8 quilômetros de extensão.

- Estamos muito preocupados com a questão das barragens que já existem e as que estão em projeto para o Rio Uruguai. Estamos discutindo o turismo, mas a nossa principal atração já está sendo afetada - afirmou Gildo Martens, vereador do município de Derrubadas, onde está a sede do Parque Estadual do Turvo.

A próxima ameaça já está diagnosticada. É o caso do Complexo Hidrelétrico de Garabi. Anunciado em 9 de setembro de 2008 pelos presidentes Luís Inácio Lula da Silva e Cristina Kirchner, em Brasília, com previsão de gerar 1,89 MW, o projeto prevê erguer duas usinas no trecho binacional do rio. A ideia é antiga. Em 1972 os dois países fizeram o primeiro tratado. Os estudos foram até 1988. Na década de 90, no entanto, a iniciativa parou por conta da crise econômica e da mobilização dos movimentos sociais contrários ao empreendimento.

O símbolo das ações ambientais contra Garabi era a submersão do Salto do Yucumã e das áreas de preservação ambiental nos dois lados do rio. Os movimentos sociais obtiveram êxito aparente até 2008. Os novos projetos das usinas prometem não inundar o salto, baixando as cotas das barragens, mas ambientalistas dos dois países desconfiam da veracidade dos dados oficiais. Na Argentina, até um plebiscito deverá acontecer para consultar a população sobre a barragem.

No terreiro de chão batido as cadeiras se mesclam a chinelos de borracha em constante arrastar e ajeitar. Os pés são tão inquietos quanto as mão de seus donos. Mão rudes e fortes que quando gesticulam enchem as frases de humor ferino e ênfase. O dançar dos dedos emoldura o trovejar da voz ou o gargalhar da boca. É uma conversa tensa. O cenário é verde e preto. Cachorros guaipecas coçam as pulgas enquanto os homens conversam. O assunto é caro aos cinco homens na casa dos 50 anos: a pesca no Rio Uruguai. Bonés surrados, maços de cigarros e chinelos de borracha acompanham os pescadores da Barra do Turvo, pequena localidade que testemunha o encontro do Rio Turvo com o Rio Uruguai. O dia está quente e úmido. A palavra está com Buda:

- Se isso acontecer a gente está acabado. Acabou os ribeirinhos. Já está cada vez mais difícil pescar. Com as barragens que estão ai, o nível do rio muda uma vez por semana. Com mais uma barragem, acabou.

- Não pode ser. Assim não vai dar mais para viver por aqui – intervêm “Paquinha”.

- Acho que não é isso. Já ouvi falar dessa barragem. Não vai mudar nada aqui. É longe daqui. Não vai afetar – aponta Chico, nome por que é conhecido Aparício Roque de Andrade, 49 anos.

- Mas já tem menos peixe. Cada vez menos. Antes tinha mais, bem mais. Pintado e Surubi, quase não tem mais – retruca Buda.

- Mas agora tá melhorando. Replantaram nas margens a vegetação e tem tido muito mais comida para os peixes – recorda “Paquinha”.

- Mas o problema é quando abrem as comportas da represa lá de cima e vem aquele monte de água que dispersa os peixes tudo. Ai não dá para pescar nada, por uns dois dias – explica Silvio.

O caso exposto pelos pescadores na Barra do Turvo, localidade que situa-se depois do Salto do Yucumã, é compartilhado pelos pescadores de cima do salto. É o caso de Caniel Caxambu, pescador de mais de 20 anos e grande conhecedor do rio.

- Em menos de 12 horas, água que é liberada pelas usinas de lá de cima chegam aqui e inundam o salto do Yucumã. Também desbarrancam o rio, derrubadno árvores e deixando um perigo para navegar por causa dos galhos que ficam boiando. Pescar então, fica muito mais difícil. Os peixes desaparecem - comenta Caxambu, enquanto conduz seu barco de mesmo nome pelo Rio Uruguai.

Não são só os pescadores que estão preocupados. Dispostos a passar para uma cobrança mais efetiva, o prefeito de Derrubadas Almir Josér Bagega encaminhou via Rota do Yucumã um abaixo assinado cobrando explicações sobre problemas que já acontecem hoje em relação a visibilidade do Salto do Yucumã. Bagega alertou que os guardas parque e os moradores Ribeirinhos do Rio Uruguai relatam que em questão de horas o nível do rio sobe, submergindo o Salto do Yucumã.

- Lançamos um abaixo assinado pedindo explicações sobre o impacto que o Salto do Yucumã vem sofrendo com a construções das barragens. O governo federal diz que não há impacto, mas qualquer um pode ver com seus próprios olhos o impacto que ocorre depois que a barragem de Foz do Chapecó começou a funcionar - alertou Bagega.

O presidente da Rota do Yucumã, Osmar Kuhn também cobra das autoridades federais mais rigor no cumprimento da legislação ambiental.

- O que propomos é decidir que ritmo e o desenvolvimento que queremos tomar para nossa região! Porque as obras de barragens podem destruir a natureza? Os pequenos tem um tratamento e os grande outro - desabafa Khun.

A situação dos novos empreendimentos, o tão falado Complexo de Garabi, já produziu um documento denominado“Relatório Final dos Estudos de Inventário Hidroelétrico da Bacia do Rio Uruguai no Trecho Compartilhado entre Argentina e Brasil” executado pelo Consórcio CNEC/ESIN/PROA para EBISA e ELETROBRÁS. O Estudo de Inventário tem como objetivo a determinação do potencial hidroelétrico e da melhor divisão de quedas, através da identificação do conjunto de aproveitamentos que proporcionem um máximo de energia com o menor custo, associado ao menor impacto ambiental. É este documento que estabelece as cotas dos empeendimentos, tamanho dos lagos, potência instalada e impacto ambiental.

Segundo os cálculos divulgados pelo secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético Altino Ventura Filho em uma audiência pública em Santa Rosa “a reserva que abriga o salto terá parte da área alagada, mas seria apenas uma extensão equivalente à que fica sob as águas em períodos de enchente”. A afirmação do secretário demonstra um total desconhecimento do regime do Rio Uruguai e do próprio Salto do Yucumã. Quando está em enchente, situação que cada vez se repete com mais frequência e fora da sazonalidade habitual, o Salto está submerso. Se a mata na margem ficará submersa o Salto também. Além do mais, a diferença entre a cota da barragem (130 metros do nível do mar) e a cota do Salto do Yucumã é de apenas cinco metros. É muito pouco para uma criação da natureza feita a milhões de anos atrás e que facinam as populações do Brasil e Argentina.

Se os planos governamentais forem levados a cabo, o grande roncador não mais vai ecoar seu barulho para os últimos seis exemplares de onça -pintada que ainda habitam o Parque Estadual do Turvo. E nosso filhos conhecerão o local apenas pela lembrança de fotografias e filmes.


Texto: Carlos Dominguez / Da hora
Fotos: Braga

domingo, 25 de setembro de 2011

Hidrelétricas já afetaram visibilidade no Salto do Yucumã, diz prefeito

“O Salto do Yucumã já foi afetado e não temos como culpar somente uma usina, porque Machadinho, Itá e Foz do Chapecó já repercutem em efeito cascata na visibilidade do salto", diz o prefeito Almir Bagega.

Por Vivian Virissimo

A visibilidade do Salto do Yucumã, localizado no município de Derrubadas, já foi afetada pela construção de três usinas hidrelétricas: Machadinho, Itá e Foz do Chapecó. A afirmação é do prefeito de Derrubadas, Almir José Bagega. “O Salto do Yucumã já foi afetado e não temos como culpar somente uma usina, porque Machadinho, Itá e Foz do Chapecó já repercutem em efeito cascata na visibilidade do salto”, diz o prefeito, revelando que os estudos de impacto ambiental nessas usinas não levaram em consideração o município em cujo território fica o maior salto longitudinal do mundo.

Conforme o prefeito, a formação dos lagos, com a abertura das comportas, já encobre o salto hoje em dia. “O salto está encoberto praticamente o ano todo”, afirma. Ele destaca que a visibilidade já está comprometida desde 2005, quando a usina de Itá iniciou o processo de geração de energia, situação que se agravou em 2010 com a entrada em funcionamento da Foz do Chapecó.

Às vésperas de outras novas usinas serem construídas no Rio Uruguai, o prefeito se articula para incluir o município nos próximos levantamentos. “Nenhum estudo ambiental dessas usinas considerou o município de Derrubadas, somente a usina de Porto Mauá, que fica abaixo do Salto”, garante Bagega, acrescentando que representantes do município nunca foram convidados para participar de audiências públicas.

Para reverter a situação, o prefeito de Derrubadas se uniu com o prefeito de Barra do Guarita para acionar o Ministério Público Federal (MPF) na tentativa de incluir os dois municípios no estudo do impacto ambiental da usina que será construída em Itapiranga e Pinheirinho do Vale. “Como as outras usinas, estas novas hidrelétricas devem afetar o nível do Salto do Yucumã e Derrubadas e Barra do Guarita simplesmente não estavam sendo consideradas.”

Com relação às usinas de Garabi e Panambi, que serão construídas em parceria com a Argentina, Bagega confia na promessa do Ministério de Minas e Energia e da Agência Nacional das Águas (ANA), que se comprometeram em preservar o salto. Embora os estudos técnicos de zoneamento ainda não tenham sido concluídos, os técnicos do ministério e da agência se basearam no inventário inicial para acalmar os prefeitos da região, em audiência promovida pelo deputado federal Jerônimo Goergen (PP).

O prefeito avalia que, sem preservação do local, a possibilidade de lucro da população com a exploração turística do Salto ficará inviabilizada. “A exploração do ecoturismo é a única alternativa econômica de Derrubadas, já que no Parque Estadual do Turvo todo tipo de pesca é proibido”, disse o prefeito.

Conforme o prefeito, a movimentação visa apenas incluir o município nos estudos de impacto ambiental, sem nenhuma tentativa de barrar o processo. “Não sou contra a construção de usinas, nem queremos parar nenhuma hidrelétrica, desde que não atrapalhe o turismo”, disse o prefeito.
A reivindicação do prefeito de Derrubadas se restringe a interrupção da abertura das comportas nos finais de semana para estimular o turismo da região. “Derrubadas não consegue planejar e divulgar um calendário turístico porque quando menos se espera as comportas foram abertas e inviabilizam os passeios”.

Bagega também ressaltou os fortes investimentos do lado argentino no que se refere aos aspectos turísticos. “Os argentinos não concordam com a construção de Garabi e Panambi e são mais relutantes do que nós. O governo construiu até estradas para facilitar o acesso ao salto do Yucumã que é conhecido como Salto do Moconã do lado argentino e, além disso, eles possuem legislações que podem até barrar processo”, afirmou.

Professor que acompanha os impactos ambientais é pessimista
Um grande problema ambiental está prestes a acontecer no Salto do Yucumã. Esta é a avaliação do professor Carlos Dominguez, que participou de evento promovido pelos Ecojornalistas em Porto Alegre. “É uma situação triste e preocupante, porque todos os caminhos nos dão a atender que teremos um lago no lugar do Salto do Yucumã”, aponta.

Dominguez coordena e desenvolve o projeto de extensão Salve o Salto do Yucumã no Cesnors/UFSM em Frederico Westphalen. Ele orienta estudantes que acompanham há três anos os impactos ambientais no Salto do Yucumã, num projeto que resultou na produção de um documentário que ouviu os ribeirinhos do Rio Uruguai que serão afetados pela construção dos empreendimentos.
“Percorremos todo o perímetro do Salto do Yucumã, queríamos saber o que os ribeirinhos pensavam sobre o projeto e constatamos a total desinformação da população sobre a possibilidade da construção das barragens, diferentemente da Argentina, onde era difícil encontrar alguém que não sabia”, disse.

O professor e os estudantes notaram que as comunidades que tiram seu sustento da pesca sofrem sistematicamente com a abertura das comportas. “Uma vez por semana, as comportas de Itá são abertas e os peixes desaparecem com as águas”, relatou Domingues, informando que pesquisadores já apontam que a alteração no fluxo do rio interfere no metabolismo dos peixes.

Além do documentário, o projeto de extensão também faz análise da cobertura que jornais brasileiros e argentinos realizaram sobre a construção das barragens. “Percebemos que há um total desencontro das informações e a abordagem trata somente pelo viés econômico, geração de empregos em matérias totalmente chapa-brancas que escutam apenas ministérios e secretarias”.

Dominguez, que participou da última audiência pública realizada em março em Santa Rosa também criticou a postura do Ministério de Minas e Energia sobre o assunto. “Eu participei de audiências em que secretários do ministério afirmaram que a população poderá desfrutar de um ‘lindo lago’ na região. Infelizmente, este é o nível de informação sobre a situação do Salto do Yucumã que partiu de uma autoridade ministerial”. Ele também criticou a falta de articulação pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB).

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Professor Carlos Dominguez em palestra em Porto Alegre

Palestra de professor do Curso de Jornalismo do Cesnors/UFSM junto a ambientalista de Porto Alegre, durante evento denominado Terça Ecológica, no auditório da Faculdade de Comunicação da UFRGS chocou os presentes que resolveram acelerar uma mobilização contra novas usinas no Uruguai

Por Eliege Fante - redação da EcoAgência de Notícias Ambientais

O tema da Terça Ecológica era o risco de desaparecimento do Salto do Yucumã em decorrência do projeto do governo Lula, que da categoria secreto passou a de desconhecido, ao menos no Rio Grande do Sul, da construção da Usina Hidrelétrica Binacional Garabi. Mas o público presente na noite da última terça (13) na Fabico/UFRGS, acabou sofrendo a primeira inundação destrutiva do projeto incluído no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. Ele foi informado que o maior salto longitudinal do mundo, com 1,8 km de extensão, localizado no Parque Estadual do Turvo de 17 mil hectares, no município de Derrubadas, há 600 quilômetros de Porto Alegre, já desaparece algumas horas do dia devido inundação provocada semanalmente pela Usina Foz do Chapecó, inaugurada no ano passado.

A palestra do professor do curso de Jornalismo do Centro de Educação Superior Norte/UFSM, campus de Frederico Westphalen Carlos Dominguez, chocou os presentes. Segundo ele, quando a Usina Hidrelétrica Foz do Chapecó abre as comportas, a água sobe e cobre o Salto, gerando muita queixa dos turistas, mais argentinos e de outros países, do que de brasileiros. Em apenas três ou quatro horas o que era visível, fica invisível. “Recentemente”, conta o professor, “participei de uma reunião da Rota do Yucumã, e constatei que finalmente os prefeitos estão se mobilizando através de um abaixo-assinado para cobrar do Ministério de Minas e Energia e do Ministério de Meio Ambiente, a invisibilidade do Salto”.

Ele diz ainda que o consórcio da usina nega qualquer responsabilidade. "Os prefeitos", acrescenta, "estão vendo que o problema chegou até eles com esta usina que ninguém percebeu que traria alguma consequência. Então, mesmo que tenham baixado a altura das barragens de 135 para 130 metros, não acredito que o Salto não ficará submerso. Cinco metros é muito pouco, ainda que Garabi seja construída no rio antes dele chegar ao Parque. A única prefeitura que comemora a construção de Garabi é a de Santa Rosa porque vai receber ICMS dela, mas os municípios abaixo no mapa que poderiam explorar o turismo ficarão muito prejudicados.” A esperança do professor Dominguez está na mobilização dos hermanos. Ele contou que um senador argentino tenta realizar um plebiscito através do qual o país deverá se posicionar contrário ou favorável à construção da UHE Binacional Garabi.

O palestrante convidado pelo Núcleo de Ecojornalistas do RS, Carlos Dominguez, relata que antes, o Salto era visível entre novembro e março. Depois da usina de Foz do Chapecó, Yucumã só é visível em período de seca como ocorreu entre 2008 e 2009 “ou com muita sorte”. A segunda inundação destrutiva se manifestou na perplexidade e comoção dos ouvintes. Exagero? Conforme divulgamos aqui na EcoAgência, os pesquisadores Fábio Vilella e Rafael Cabral Cruz, afirmam que já foi aproveitado o potencial do rio Uruguai para a geração de energia elétrica por meio das hidrelétricas de Barra Grande, Campos Novos, Itá e Machadinho. E também, que o rio Uruguai não é mais um rio porque está fragmentado.

Apesar disso, ainda restam áreas importantes para a preservação e que são de alta fragilidade, como a ameaçada pela construção da UHE Garabi, parceria da Eletrobras com a empresa argentina Emprendimientos Energéticos Binacionales S.A. (Ebisa). Na Terça Ecológica de setembro de 2010, o professor da UFRGS, Paulo Brack, membro da ONG InGá, afirmava que o licenciamento no Brasil deveria mudar e contar com uma análise ambiental integrada. Por que isto não acontece?

Sem respostas

São muitas as perguntas sem resposta também por parte das cinco mil pessoas que vivem em torno do Parque Estadual do Turvo. Sobre se onde construíram suas casas e constituíram suas famílias será inundado devido o barramento, se serão retirados, se vai acabar com a pesca – que já está prejudicada pelas UHE’s Itá, Machadinho e a recente Foz do Chapecó -, como será o futuro dos filhos que sonham ainda em viver na pequena propriedade rural familiar, do que vão viver, o que vai ser dos animais do parque, das seis onças que transitam entre o lado brasileiro e argentino do parque. A angústia é expressa no vídeo-documentário de 30min, o Projeto Ribeirinhos, realizado por Dominguez e seus alunos em três anos de investigação para o projeto de extensão.

Como numa aula de Jornalismo Ambiental, um jornalismo integral e inclusivo, o professor do curso de Jornalismo do Centro de Educação Superior Norte/UFSM, campus de Frederico Westphalen, destacou o papel da imprensa na publicação de informações de interesse público. Segundo constatação do seu grupo de pesquisa, enquanto o jornal Página 12 divulgou 31 notícias entre 2007 e 2010 sobre a questão da UHE Garabi e o Parque Estadual do Turvo, o jornal Folha de São Paulo, divulgou 19 notícias no período. Já o jornal Zero Hora, um dos principais do Rio Grande do Sul, divulgou apenas cinco notícias em três anos. “As fontes nestas notícias são as oficiais, quem fala é o secretário, é o ministro. Não se escuta o morador, o ambientalista, é um discurso de uma voz só, não foram ouvir o outro lado. E os movimentos sociais, especialmente o Movimento dos Atingidos por Barragens, o MAB, não fala nada, não está mobilizado,” apontou.

Argentinos estão informados

A informação na Argentina é fluida. “Parando as pessoas na rua, do outro lado do rio, em Misiones, todo mundo sabe do projeto UHE Garabi e estão muito preocupados porque eles investiram no turismo e o Salto do Moconã, como chamam, é o principal atrativo do Parque que possui cerca de 60 mil hectares do lado argentino,” contou. Além de o Governo da Argentina ser acessível em relação ao projeto binacional de geração de energia elétrica, a imprensa também noticia com mais frequência o seu andamento. A busca sobre a cobertura dos jornais citada acima, resultou que, só o Clarín, divulgou 32 notícias entre 2007 e 2010.

Antes que viesse uma nova inundação destrutiva, os participantes da Terça Ecológica fizeram um encaminhamento: o de se unir à prefeitura municipal de Derrubadas para mobilizar a comunidade da região e do Estado. A população gaúcha não está a par do que se passa, mas um abaixo-assinado - bem como outras ações a serem desenvolvidas-, deverá ser multiplicado para conscientizar e reivindicar a conservação da biodiversidade, dos modos de vida locais, da cultura gaúcha difundida em músicas e histórias ilustradas pela importância do Parque Estadual do Turvo e do Salto do Yucumã.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Terça Ecológica coloca em pauta o Salto do Yucumã

Em parceria com o Diretório Acadêmico da UFRGS e a UFSM, o NEJ-RS debate o desaparecimento de uma das sete maravilhas do Estado

Símbolo da cultura e da história do Rio Grande do Sul, o Salto do Yucumã, localizado no Parque Estadual do Turvo, no município de Derrubadas, é o maior salto longitudinal do mundo, com 1,8 km de extensão. Este poderia ser um dos motivos para torná-lo uma grande atração turística e gerar incentivo a ações de preservação ambiental. Contudo, a realidade é outra: o salto corre o risco de desaparecer.

O Núcleo dos Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ-RS), em parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e o Diretório Acadêmico da Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, traz o professor Carlos Dominguez, coordenador de um projeto na região ameaçada, para tratar do tema. A Terça Ecológica ocorre dia 13 de setembro, às 19h30min, no auditório 2 (na ex-Escola Técnica, ao lado da Fabico), e a entrada é franca.

Mais sobre o Salto do Yucumã

Geograficamente, o Rio Uruguai divide uma grande área binacional de preservação de floresta subdecidual de aproximadamente 80 mil hectares, sendo 17 mil hectares no Brasil e o restante na Argentina, no parque provincial de Moconã. Exatamente no centro desta área encontra-se o Salto do Yucumã (Salto del Moconã em espanhol), a maior queda d'água longitudinal do mundo. "Além da inigualável beleza paisagística, o local é um dos últimos habitats de inúmeras espécies da fauna e flora, além de inquestionável biodiversidade", lembra Dominguez.

Porém, em função das hidrelétricas, que alteram o regime de águas do Rio Uruguai no norte e nordeste do Estado, o salto é um gigante submerso na maior parte do ano. Além disso, a construção de uma hidrelétrica binacional pode tornar o Salto do Yucumã uma lembrança do passado.

Um projeto do curso de Jornalismo do Centro de Educação Superior Norte/UFSM, campus de Frederico Westphalen, esteve por três anos gravando um documentário sobre a visão do salto por parte dos moradores do entorno do Parque do Turvo e ribeirinhos do Rio Uruguai. O trabalho também está associado a uma pesquisa do comportamento da mídia do Brasil e Argentina por conta da construção do Complexo Hidrelétrico de Garabi. É com esta experiência que Dominguez apresenta o tema na Terça Ecológica.

Terça Ecológica sobre o Salto do Yucumã

Data: 13 de setembro
Horário: 19h30min
Local: Auditório 2 (na ex-Escola Técnica, ao lado da Fabico) - Rua Ramiro Barcelos, 2705
Entrada franca

Sul 21 » Hidrelétricas no rio Uruguai ameaçam Salto do Yucumã

Reportagem para o site Sul 21
com a colaboração de Carlos Dominguez, o orientador do projeto!

Confira em:

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Nos vemos na Argentina!

Ameaça ambiental. Parque Estadual do Turvo e Salto do Yucumã próximos do fim!
Ponencia - Mesa de Trabajo 4. Comunicacion y Extensión - Aprobado





http://www.unl.edu.ar/iberoextension/

La Universidad Nacional del Litoral convoca a participar del XI Congreso Iberoamericano de Extensión Universitaria denominado“Integración extensión, docencia e investigación para la inclusión y cohesión social” que se desarrollará en la ciudad de Santa Fe, Argentina del 22 al 25 de Noviembre de 2011.

Nos de novo! Bamos todos!

terça-feira, 21 de junho de 2011

terça-feira, 3 de maio de 2011

Assembléia Legislativa quer debater Garabi

O presidente da Comissão do Mercosul do parlamento gaúcho, deputado Mano Changes, anunciou que será criado um grupo técnico para elaboração de um estudo de viabilidade socioeconômica para construção das Usinas de Garabi e Panambi, na região

Assembléia criará grupo técnico para elaborar estudo de viabilidade sócioeconômica para as duas usinas
Em audiência pública realizada pela Assembléia Legislativa, ontem à tarde, no Centro de Eventos Iglenho Araújo Burtet, dentro da programação da 15ª Fenamilho, no parque de exposições Siegfried Ritter, em Santo Ângelo, o presidente da Comissão do Mercosul do parlamento gaúcho, deputado Mano Changes, anunciou que será criado um grupo técnico para elaboração de um estudo de viabilidade socioeconômica para construção das Usinas de Garabi e Panambi, na região.

O encontro proposto pela deputada estadual Zilá Breitenbach (PSDB), contou com as presenças do prefeito Eduardo Loureiro, ex-secretário estadual de Minas e Energia, Valdir Andres, em cuja gestão a obra foi resgatada, superintendente de geração da Eletrobrás, Sidney do Lago Júnior, deputados estaduais Adroaldo Loureiro (PDT) e Jefferson Fernandes (PT), prefeitos da região, políticos, empresários, expositores e comunidade em geral.

No entender de Mano, Santo Ângelo é uma cidade-pólo que tem como foco o desenvolvimento regional "que infelizmente está estagnado", lamenta. "O RS é rico pelo seu desenvolvimento global e investimento de R$ 5 bilhões gerando 40 mil empregos diretos com a construção das duas barragens demonstra uma outra preocupação da Assembléia Legislativa que são os danos ambientais que podem provocar as duas obra.

No seu ponto de vista, as hidrelétricas precisam ser uma bandeira do Estado, pois o grande fator estratégico será a geração de energia.

Nestas obras binacionais, Mano admitiu que estão sendo desencadeadas apenas ações unilateriais. Neste sentido, a Comissão do Mercosul vai começar a criar um grupo técnico para acompanhar a evolução deste processo e analisar as suas prioridades.

O deputado defende que os governos do Estado e federal sejam pressionados a fim de que as obras sejam executadas sem deixar de privilegiar as riquezas naturais. "É portanto se fazer um debate minucioso não esquecendo os impactos ambientas que as hidrelétricas podem acarretar. O desenvolvimento sustentável de uma região harmoniza o homem no meio ambiente", opina.

Para Mano, as duas barragens serão importantes para criação de um corredor ferroviário do Mercosul. Portanto, será feito um estudo técnico junto a Fundação Estadual de Proteção ao Meio Ambiente (Fepam), buscando detalhes dos impactos a serem causados pelas duas obras. E as audiências públicas servem para mobilizarem as comunidades e que devem estar atentas aos impactos que as barragens podem causar nas localidades, comentou. "É preciso fazer um debate minucioso com a população antes de começar um estudo técnico", reforça o parlamentar.
IMPACTOS NEGATIVOS

Para a deputada Zilá, o RS precisa estar preparado para usufruir as oportunidades que as hidrelétricas proporcionam, na tentativa de diminuir, ao máximo, os impactos negativos que as obras poderão provocar.

Agência Da Hora com informações da Tribunal Regional

segunda-feira, 4 de abril de 2011

OS DIREITOS DOS ATINGIDOS POR BARRAGENS*

Ao centro da foto James Cameron, Diretor do filme Avatar, participando de ato público em defesa dos direitos dos atingidos organizado pelo MAB, em setembro de 2010, em Brasília. (Foto de: Leandro Silva)


Em 30 de março de 2006 o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH), após diversas denúncias sobre desrespeito aos direitos dos atingidos por barragens e de criminalização dos defensores dos direitos humanos, encaminhadas pelo MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), determinou a criação de uma Comissão Especial para estudar essas denúncias. O CDDPH é um orgão do Estado brasileiro, equivalente a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) e a Comissão de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas).

O conselho tem competência para promover inquéritos, investigações e estudos, bem como, receber representações sobre denúncias de violação dos direitos da pessoa humana, apurar sua procedência e tomar as providências cabíveis, sempre tomando como referência as leis e normas estabelecidas em nossa Constituição Federal e a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948).

A Comissão Especial “Atingidos por Barragens” foi efetivamente instituida pela Resolução CDDPH Número 26, de agosto de 2006. Em seu trabalho a comissão recebeu denúncias de violação de direitos em 74 projetos de barragens e selecionou sete casos para estudo específico, contemplando as cinco regiões do país. Entre os anos 2006 e 2010 a comissão especial realizou amplo processo de coleta de informações, ouvindo todas as partes envolvidas e realizando visitas de campo e estudo de diversos documentos.

Em uma de suas principais conclusões o texto é categórico ao afirmar que “os estudos de caso permitiram concluir que O PADRÃO VIGENTE de implantação de barragens tem propiciado de maneira recorrente GRAVES VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS, cujas conseqüências acabam por acentuar as já graves desigualdades sociais, traduzindo-se em situações de miséria e desestruturação social, familiar e individual”. A íntegra dos relatórios desses estudos pode ser acessada em: http://www.direitoshumanos.gov.br/conselho/pessoa_humana/relatorios

Ou seja, um estudo oficial, conduzido pelo Estado, constata que existe um padrão, uma regra geral, nos processos de construção de barragens. Essa regra é o desrespeito aos direitos das famílias e comunidades atingidas. Foi constatado que são 16 os direitos violados. Entre eles, destacamos os seguintes: direito de acesso à justiça e a razoável duração do processo judicial; direito à justa negociação, tratamento isonômico, conforme critérios transparentes e coletivamente acordados; direito à plena reparação das perdas.

Ainda que sejam 16 no total, somente com esses três exemplos, em se mantendo o padrão apontado pelo estudo, podemos antever o que ocorrerá em nossa região, caso prevaleça o atual estado de passividade e conformismo. Não haverá acesso adequado a justiça, não haverá negociação justa e não haverá plena reparação das perdas.

Alguns poderiam afirmar que isso é exagero e alarmismo. O fundamental, nesse caso, onde não podem permanecer dúvidas, é que a regra existente nos processos de construção de barragens é a da violação e desrespeito aos direitos dos atingidos. Essa não é uma afirmação minha, é uma constatação do Estado brasileiro! Certamente exagerado tem sido o desrespeito às famílias e às comunidades camponesas que vem ocorrendo no Brasil, de norte a sul, nos processos de construção de barragens.

Diante disso cabem algumas questões: será que esse padrão de desrespeito será mantido na construção das barragens na região Celeiro e Missões? Quais serão os direitos dos atingidos efetivamente respeitados? Quais serão os violados? Serão os mesmos 16? Talvez menos, ou mais? Sinistra banca de apostas!

Já existem alguns indícios preocupantes, que nos permitem vislumbrar como será o tratamento dispensado ao conjunto dos atingidos pelas barragens de Garabi e Panambi. Um dos direitos sistematicamente desrespeitados, segundo o estudo mencionado, é o direito a informação e a participação.

Pergunto: em quais bibliotecas públicas da região estão os 23 volumes de papel com o conjunto dos estudos realizados pela ELETROBRAS/EBISA sobre o potencial e viabilidade das barragens no Rio Uruguai? Foram produzidos resumos e sínteses desses materiais para a informação da população? Quantas reuniões informativas e de discussão foram feitas com as comunidades e famílias atingidas?

Parece que não começamos muito bem, pois aí está o primeiro direito desrespeitado, o direito a informação e a participação. Certamente, se não houver reação e organização das famílias e comunidades atingidas, logo saberemos qual será o segundo, terceiro, quarto, (...) de seus direitos desrespeitados. Será que chegaremos aos 16?

*Vanderlei Franck Thies

BARRAGENS NO RIO URUGUAI*

A questão energética tem ocupado amplos espaços nas pautas sociais nesse último período. Sem dúvida o tema da energia é estratégico e ocupa espaço privilegiado em qualquer debate mais consistente sobre desenvolvimento. Em nossa região, recentemente houveram fortes movimentações em torno do tema dos biocombustíveis e mais recentemente inicia-se, ou urge iniciar, uma discussão mais ampla sobre a instalação de mega represas no Rio Uruguai e suas implicações.

O tema das represas no Rio Uruguai, em seu trecho compartilhado entre Brasil e Argentina, tem sido tratado pelos governos nacionais desses países como uma das pautas prioritárias. Nas instâncias governamentais nacionais amplos estudos estão em curso, sobre a viabilidade dessas obras, porém em nível regional impera a desinformação e a impossibilidade da participação nas discussões relacionadas a configuração e às implicações destes projetos.

Sabe-se que o mapeamento do potencial hidrelétrico da Bacia do Rio Uruguai foi iniciado nos anos de 1960 e 1970. Naquele período, apontava-se a possibilidade de instalação de 25 grandes represas, sendo três delas bi nacionais (Roncador, Garabi e São Pedro). Atualmente as estatais ELETROBRAS (Brasil) e a EBISA (Argentina) realizaram a atualização dos estudos desse potencial, por meio de um novo Inventário Hidrelétrico.

Nessa fase de inventário foram supostas e estudadas diversas possibilidades de localização e de tamanhos de barragens. Depois essas alternativas foram comparadas entre si, com objetivo de verificar as mais viáveis, considerando custos de implantação, benefícios energéticos e impactos socioambientais. Para o desenho dessas distintas alternativas foram utilizados dados secundários, complementados com alguns estudos de campo, considerando informações cartográficas, hidrometeorológicas, energéticas, geológicas e geotécnicas, socioambientais e de possibilidades de uso da água. O estudo compreendeu um trajeto de aproximadamente 725 km do Rio Uruguai, que vai da foz do Rio Peperí-Guaçu até a foz do Rio Quaraí.

Segundo informações fornecidas pela ELETROBRÁS/EBISA, em novembro de 2010, de 24 alternativas estudadas preliminarmente, foram selecionadas duas possibilidades de obras, sendo GARABI, que ficaria a aproximadamente a 6 km rio abaixo da cidade de Garruchos, com nível máximo de água de 89m em relação ao nível do mar e também PANAMBI, a aproximadamente 10 km rio acima de Porto Vera Cruz, com nível de 130m. Juntos, os lagos dessas represas inundariam 96.960 ha e a construção de ambas representaria um custo superior a 5,2 bilhões de dólares. Trata-se portanto de obras gigantescas.

Diante desse quadro muitas perguntas podem e devem ser feitas. Muitas perguntas precisam ser respondidas sobre os impactos econômicos, ambientais e sociais dessas mega obras, como por exemplo: quais os parâmetros e critérios utilizados para a seleção dessas alternativas? E, principalmente, porque é negado às comunidades a possibilidade de opinar nesse processo? Do ponto de vista técnico, possivelmente um tecno-burocrata responderia, preconceituosamente, que se trata de questões técnicas complexas, que as comunidades não teriam condições de compreender, subestimando a inteligência local e tratando-nos como idiotas. Do ponto de vista político, responderiam que as comunidades serão consultadas posteriormente, em outra etapa. Quando, antes de fechar a represa e formar o lago? Depois que as questões centrais estiverem decididas? Que sentido teria, nesse caso, participar apenas para referendar as questões estruturais e poder decidir apenas sobre os detalhes?

Poderiam argumentar que sem energia ninguém vive, uma obviedade que apenas na aparência poderia assumir contornos de argumento irrefutável em favor das barragens. Muitas outras justificativas, como a de que essa é a contribuição da região para o desenvolvimento nacional poderiam ser invocados. Aí sim, nos aproximamos de questões que são preliminares e fundamentais.

Mais do que localização e tamanho, parece-me que precisamos discutir a perspectiva do desenvolvimento que pretendemos e diante disso como essas barragens se inserem, ou não, no contexto regional e nacional.

Precisamos discutir o modelo energético brasileiro, energia para que, para quem e a que custo. Precisamos discutir uma proposta de desenvolvimento para a região missões e celeiro e nesse momento isso implica discutirmos também o modelo energético. Mas isso é tema para outro texto e é preciso espaços e possibilidades para aprofundar esses temas. Seguiremos nas próximas edições.

*Vanderlei Franck Thies

Engenheiro Agrônomo, especialista em Sociologia e em Economia Política. Atualmente é mestrando em Políticas Sociais na Universidade Nacional de Misiones – Argentina e Assessor de Projetos no Sul do Brasil e Norte da Argentina da Heifer Internacional. Email: vftc2@hotmail.com

terça-feira, 29 de março de 2011

Coomplexo de Garabi inundará 70 mil hectares

As hidrelétricas de Garabi e Panambi (Complexo Garabi), previstas para o trecho do Rio Uruguai na divisa com a Argentina, alagariam uma área de mais de 70mil hectares, maior do que a área prevista para ser inundada por Belo Monte.


Com a usina de Panambi, pelo menos 10% (1.750 ha) do Parque Estadual do Turvo estaria alagado, representando mais de 2 milhões de árvores, quantidade maior do que toda a arborização de Porto Alegre. Isso resultaria numa significante perda de habitat na unidade de conservação florestal mais antiga e importante do Rio Grande do Sul, único local do estado que ainda abriga espécies ameaçadas como a onça, a anta, o tapiti, os araçaris, entre outros.


Região do Parque Estadual do Turvo, na fronteira com o Corredor de Misiones, Argentina.
Além disso, o aumento na largura e profundidade do rio, gerado pelo lago da barragem, poderia dificultar o fluxo gênico entre o RS e a Argentina, onde existe o Maior Corredor da Mata Atlântica de Interior (Misiones – Alto Uruguai) que liga o P. E. do Turvo ao Parque Nacional de Iguaçu. Sabe-se que hoje muitos animais cruzam o Rio Uruguai, principalmente nas épocas em que os níveis estão mais baixos, e que o Corredor de Misiones é uma importante área fonte de biodiversidade para o parque. Portanto, caso houver um impedimento de passagem devido ao grande lago formado, poderá ocorrer um processo chamado de depressão endogâmica (acasalamento entre indivíduos cada vez mais aparentados), acarretando a extinção local de espécies, já que, por terra, o parque está isolado devido à existência de monoculturas de soja.

Outro aspecto seria o comprometimento da fauna de peixes, acarretando na perda de estoques pesqueiros de mais de 3 mil famílias de pescadores (informações do Prof. Dr. Rafael Cruz -UNIPAMPA). Dados do http://www.noagarabi.com.ar informam que aproximadamente 30mil pessoas seriam atingidas somente com a hidrelétrica de Garabi (excluindo Panambi).

As autoridades afirmam que o Salto do Yucumã, uma das Sete Maravilhas do RS, maior salto longitudinal do mundo, não seria alagado pela hidrelétrica. Levando em consideração que a cota máxima do lago da barragem estaria num nível de apenas 4 metros abaixo do Salto, o risco que se corre é muito alto. E mesmo que o Salto do Yucumã não seja totalmente inundado, como afirma o governo, parte dele pode ficar debaixo d’água, já que ele atinge os 12 metros de altura, comprometendo sua beleza cênica.

Jussara Cony teria assumido que perda de parte do Parque Estadual do Turvo, em decorrência da hidrelétrica de Garabi, seria fato irreversível…

Informações locais de Derrubadas (RS) dão conta de que a Secretária Jussara Cony, quando em visita ao Parque Estadual do Turvo, no dia 25 de fevereiro de 2011, manifestou-se como certa a perda de parte da área natural da maior e mais importante unidade de conservação de âmbito estadual, em decorrência da Hidrelétrica de Panambi. Mas teria garantido que “podemos conviver com a geração de energia através de recursos hídricos e preservar a natureza”. Segundo jornal eletrônico de Tenete Portela (http://fpop.com.br/2011/02/portico-no-parque-florestal-do-turvo-tem-investimento-de-1-110-milhoes/), quando esteve ao lado de prefeitos locais anunciando obras na área de visitação desta unidade, próxima ao Salto do Yucumã, teria ”tranqüilizado” a todos, com base nas informações do Ministério de Minas e Energia, que pelo menos o Salto não desapareceria.

A secretária da SEMA teria garantido, entretanto, que a secretaria acompanhará atentamente o andamento dos estudos de impacto ambiental e de finalização do projeto das Hidrelétricas. “No dia 18 de março haverá uma reunião em Buenos Aires e nos faremos presentes. O governador Tarso Genro, a quem represento, me pediu muita atenção a este processo”, disse a Secretária Jussara Cony.

É importante lembrar que os projetos de hidrelétricas do rio Pelotas-Uruguai deveriam obedecer o estudo de Avaliação Ambiental Integrada, exigência do Termo de Compromisso de Barra Grande (ver aqui), finalizado pela UNIPAMPA em 2010, apontando a necessidade de Áreas Livres de Barramentos e que não vê viabilidade de conservação da biodiversidade que sobrou na região com a construção de todos os empreendimentos hidrelétricos previstos pelo PAC.

O Movimento Ambientalista do RS pede moratória, há mais de 10 anos, às hidrelétricas da bacia do rio Uruguai até que se façam os estudos de zoneamento necessários de suas áreas de maior relevância de proteção e de seus impactos socioambientais. Inclusive é fato de que os grandes projetos na bacia do rio Uruguai, na sua quase totalidade, são de 1979, e deveriam ser revistos sob a luz da Constituição (1988), da Convenção da Diversidade Biológica (1992) e das demais leis que protegem a Mata Atlântica (1994, 2006) e as Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade (MMA, 2007).



Misiones dice: NO A GARABÍ!

Do lado Argentino, na província de Misiones, a população está muito mais atenta e mobilizada contra os impactos desses empreendimentos. Manifestações estão sendo realizadas e em uma semana a campanha coletou mais de 6mil assinaturas, e continua coletando mais!

NO a la represa de Garabí
• Que NO inunden nuestros pueblos
• Que NO enfermen a nuestros hijos
• Que NO nos mientan más
• Que NO destruyan lo que Dios creó
• Que NO nos engañen, ya sabemos lo que es un represa

Mais informações nas páginas:
No a Garabí
Misiones dice: No a Garabí
Río Uruguay Libre
Ya dijimos no
Represa Garabí ¿Sí o No?

Agência Da Hora

segunda-feira, 28 de março de 2011

Prefeitos alertam que Salto do Yucumã já está encoberto por barragens

por Carlos André Echenique — 24/03/2011

Alteração do volume de água no Rio Uruguai ocasionado pelas barragens de Fóz do Chapecó e Itá fazem o nível do rio subir abruptamente em poucas horas. Consórcio da Rota do Yucumã está fazendo abaixo assinado pedindo esclarecimentos do governo federal

Como explorar o turismo do Salto do Yucumã sem o Salto do Yucumã? Durante toda a discussão que ocorreu ontem, em Tenente Portela, durante o 1º Seminário de Turismo da Rota do Yucumã havia uma ameaça velada no ar. A maior atração turística da região pode ser uma lembrança do passado.
Convocado pelo Consórcio Rota do Yucumã que congrega 33 municípios, a iniciativa buscou discutir o ritmo do desenvolvimento da exploração do turismo na região. Além dos prefeitos e secretários, o evento contou com a presença da Secretária Estadual do Turismo, Abgail Pereira. Entre os pronunciamentos de louvor a beleza ao Salto do Yucumã e do Parque Estadual do Turvo, uma área de preservação de 19 mil hectares que abriga as últimas seis onças pintadas do Rio Grande do Sul, havia entre as autoridades a certeza de que muito ainda há a de ser feito para melhorar a infra-estrutura do local e fomentar sua divulgação no país e internacionalmente. Porém, logo após a apresentação da Secretária Estadual de Turismo, quando foi aberta para perguntas do público foi colocada a questão crucial colocada em discussão pelo presidente da Associação dos Vereadores dos Municípios da Região Celeiro (ACAMRECE).
- Estamos muito preocupados com a questão das barragens que já existem e as que estão em projeto para o Rio Uruuguai. Estamos discutindo o turismo, mas a nossa principal atração já está sendo afetada - afirmou Gildo Martens, vereador do município de Derrubadas, onde está a sede do Parquie Estadual do Turvo.
A questão foi estratégicamente evitada pela secretária de Turismo. Abgail Pereira, ressaltou em sua fala de aproximadamente 45 min a sustentabilidade do desenvolvimento que a Rota quer promover, deixando também o seu posicionamento em relação ao respeito das belezas naturais, tema que foi mais energicamente debatido na parta da tarde na mesa de discussões, sem a presença da secretária que foi levada para conhecer o Salto do Yucumã. Mas ela não viu nada. Apesar de um período de mais de três semanas sem chuva nas cabeceiras do Rio Uruguai e de seus principais afluentes, o nível do rio está acima do normal.
A secretária limitou-se a falar da importância do turismo para região e para o estado, porém ressaltou o baixo investimento nessa área, inclusive na secretaria do estado. Outro ponto que Abgail destacou, foi que o grande impulso no turismo a nível de Rio Grande do Sul e Brasil deve ser no “turismo rural”, tão pouco explorado e o que desperta o interesse de turistas da Europa e de outras partes do mundo.
Dispostos a passar para uma cobrança mais efetiva, o prefeito de Derrubadas Almir Josér Bagega encaminhou via Roat do Yucumã um abaixo assinado cobrando explicações sobre problemas que já acontecem hoje em relaçãoi a visibilidade do Salto do Yucumã. Bagega alertou que os guardas parque e os moradores Ribeirinhos do Rio Uruguai relatam que em questão de horas o nível do rio sobe, submergindo o Salto do Yucumã.
- Lançamos um abaixo assinado pedindo explicações sobre o impacto que o Salto do Yucumã vem sofrendo com a construções das barragens. O governo federal diz que não há impacto, mas qualquer um pode ver com seus próprios olhos o impacto que ocorre depois que a barragem de Foz do Chapecó começou a funcionar - alertou Bagega.
O presidente da Rota do Yucumã, Osmar Kuhn também fez uso da palavra para cobrar das autoridades federais mais rigor no cumprimento da legislação ambiental.
- O que propomos é decidir que ritmo e o desenvolvimento que queremos tomar para nossa região! Porque as obras de barragens podem destruir a natureza? Os pequenos tem um tratamento e os grande outro - cobrou Khun.
Especialistas alertam para a necessidade de definição de projetos de longo e médio prazo
O professor Paulo Weissbach, do Instituto Federl Farroupilha em sua palestra foi mais enérgico e direto ao ponto, questionado o poder público e o poder privado em relação a o que realmente se quer e até onde se quer desenvolver a região da Rota do Yucumã. Comparando a potencialidade turística da região as Cataratas do Iguaçú e a Cascata do Caracol, ambos fortes e desenvolvidos pontos turísticos do Sul do país. Levantando as problemáticas o professor sugeriu uma série de ações que deveriam ser discutidas seriamente dentro dos membros da Rota do Yucumã para que o primeiro seminário não fosse em vão, entre elas o planejamento de estratégias dentro da rota, o desenvolvimento dos projetos buscando também procurar esses turistas e também o avaliar se o que encontramos hoje, em 2011, era realmente o que foi planejado no passado. Paulo também colocou a sua visão da missão do evento: “construir compromissos pautados entre poder público, iniciativa privada e de entidades de apoio ao turismo do RS”, além de lançar a projeção Rota do Yucumã 2011/2030, o que deveria se pensar para um período a médio e longo prazo.
O 1º Seminário de Turismo da Rota do Yucumã aconteceu no Clube Recreativo Comercial por uma promoção do Consórcio Rota do Yucuma que congrega 33 municípios, sendo os 21 da região Celeiro mais 12 da Amuplan em parceria com o município de Tenente Portela e Emater-RS e contou com o apoio da Amuceleiro, Amuplan, Corede Celeiro e Acamrece e faz parte do plano de ação da rota do yucumã.

Carlos Dominguez e Fábio Pelinson / Da Hora

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Deputados já sabem do risco!

Projeto de hidrelétricas no rio Uruguai ameaça Salto do Yucumã, alerta Basegio

Da tribuna, o deputado Dr. Basegio (PDT) abordou o temor vivido por 21 municípios da região Celeiro e 33 municípios que integram a Rota do Yucumã, todos ameaçados pela construção das barragens de Panambi e Garabi, no rio Uruguai. O tema foi debatido pela Associação dos Municípios da Região Celeiro, no sábado (20), presidida pelo prefeito Clairton Carboni, de Tenente Portela.

Conforme relatou o parlamentar, um dos temores dos prefeitos é a ameaça de desaparecimento do Salto do Yucumã, a maior queda longitudinal do mundo, com 1.800 metros de extensão, localizado no Parque Estadual do Turvo, em Derrubadas, o primeiro parque criado no Rio Grande do Sul (1947), na fronteira com a Argentina.

“Em caso de construção de hidrelétrica no rio Uruguai, vai atingir diretamente o Salto do Yucumã, que ficaria submerso”, observou Dr. Basegio. De acordo com o projeto das duas hidrelétricas, o nível do rio poderá subir até quatro metros, fazendo desaparecer o Salto do Yucumã e inundando centenas de hectares de mata nativa.

O Salto do Yucumã registra mudanças desde a entrada em funcionamento da hidrelétrica Foz do Chapecó, com alterações no nível do rio Uruguai. Conforme o Jornal Província, as primeiras mudanças no volume de água foram percebidas na divisa entre Barra do Guarita e Itapiranga, no ano passado. As autoridades de Derrubadas estão apreensivas com a situação das cataratas, encobertas pelas águas há mais de duas semanas.

Durante os debates, os deputados, prefeitos e vereadores assumiram compromisso de abordar a construção de hidrelétricas, importantes para a região, mas preservando os interesses dos municípios da região Celeiro e dos 33 municípios que integram a Rota do Yucumã.

Presidente da Comissão de Participação Legislativa Popular, o deputado Basegio anunciou que este será a primeira pauta da comissão.

“É importante trazermos esta discussão para o Legislativo, para que possamos juntos avaliar algumas questões”, ressaltando o aspecto do lado argentino, que também será bastante prejudicado.

Coronel Bicaco

Destacou, ainda, a realização do 32º Rodeio Criou de Coronel Bicaco, que reuniu grupo de tradicionalistas na região Celeiro. Também estiveram no evento os deputados Dionilso Marcon, Jerônimo Goergen, Edegar Pretto e Zilá Breitenbach, além de representantes dos deputados Adroaldo Loureiro e Gerson Burmann.