quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Carlos Wagner: livro expõe realidade dos moradores atingidos por barragens


Relações de Poder na Instalação de Hidrelétricas, de Humberto José da Rocha, explica o conflito entre os moradores das áreas alagadas pelos hidrelétricas com os construtores das usinas

Imagine um triângulo. Em uma das pontas está um país sedento de energia elétrica produzida por hidrelétricas. Na outra, os empreendedores (governo e iniciativa privada). E, no terceiro vértice, o morador da região a ser alagada.

É a explicação dessa equação a que se propõe o livro Relações de Poder na Instalação de Hidrelétricas, escrito por Humberto José da Rocha, 36 anos, professor de Ciências Sociais, da Universidade de Passo Fundo (UPF).

— Rocha dá ao leitor as ferramentas para o entendimento dessa equação, fundamental para compreender os conflitos que estão marcando a construção da hidrelétrica de Belo Monte (PA) e da herança social deixada pela construção de outras obras do ramo, como Sobradinho (BA) — recomendou Hemerson Luiz Pase, coordenador Núcleo de Estudos em Políticas Públicas (Neppu) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e do Projeto de Remanejamento da População Atingida por Empreendimentos Hidrelétricos, uma grande pesquisa sobre as usinas construídas no Rio Uruguai, que separa o Rio Grande do Sul de Santa Catarina e da Argentina.

O professor Rocha também faz parte do projeto de remanejamento e a pesquisa, feita na hidrelétrica da Foz do Chapecó, que fica entre as cidades de Águas de Chapecó (SC) e Alpestre (RS) , foi a sua tese de doutorado, defendida em maio na Universidade de Campinas (Unicamp).

Para o morador da cidade parece óbvio que o interesse público pela energia elétrica está acima da comunidade local. O dono da terra a ser alagada pode se definido como aquele que não tem o direito de dizer "não quero sair daqui".

O máximo que pode fazer é barganhar o preço da desapropriação. Vale o mesmo para os defensores dos recursos naturais de uma região: árvores, animais e outras espécies. E para aqueles que zelam pelo patrimônio cultural das comunidades que irão desaparecer sob as águas.

Para a população urbana, todos esses problemas parecem coisas de outro mundo. Mas não são: elas fazem parte do dia a dia das pessoas a cada conta de energia. No livro, o professor Rocha, um pesquisador atencioso e meticuloso, mostra como esses episódios, que parecem tão distantes, se relacionam.

Informações sobre como conseguir o livro?

Telefone 54.33.16.83.73 ou editora@upf.br

fonte: ZERO HORA

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