segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Entrevista com o secretário Altino.

Altino Ventura Filho, secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério das Minas e Energia


Motivo de apreensão em municípios do Noroeste gaúcho, a construção das usinas hidrelétricas de Garabi e Panambi só deve começar em 2013. Essa é a previsão do secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério das Minas e Energia, Altino Ventura Filho. Em entrevista a ZH, Ventura garante que não há risco de o Salto do Yucumã ser alagado pela construção das barragens. Não descarta, porém, prejuízos ao Parque do Turvo, área de preservação e abrigo de espécies ameaçadas de extinção.

Zero Hora – Em que estágio estão os projetos para as usinas?

Altino Ventura Filho – Concluímos em julho o inventário do Rio Uruguai, identificando os locais onde as barragens podem ser construídas. O próximo passo será o Estudo Técnico de Viabilidade Econômica, que deve ser licitado no segundo semestre e demorar mais dois anos para ser concluído. Em paralelo, vamos fazer o estudo de impacto ambiental.

ZH – Há risco de o Salto do Yucumã ser alagado?

Ventura – O Salto de Yucumã não será alagado. No inventário original, era. Reduzimos a usina de Panambi por causa do Salto. A alternativa anterior, que era a usina de Roncador, tinha uma cota de 164 metros acima do nível do mar. Agora, Panambi ficará em 130 metros. Isso reduziu a área alagada para 200 quilômetros quadrados, metade no Brasil, metade na Argentina. Garabi também sofreu uma redução na barragem.

ZH – O Parque do Turvo, uma área de preservação ambiental, será afetado?

Ventura – O estudo indicou que a barragem alcança uma pequena parcela do Parque do Turvo, mas é uma área que já fica alagada no período de cheias. O rio já ocupa uma área maior do que será ocupada pela própria usina. Mas somente com o levantamento topográfico teremos, com toda a segurança, onde o lago vai chegar e como isso se comporta com o período de seca e de cheia do rio.

ZH – A prefeitura de Porto Mauá teme que mais de 50% da área urbana e 25% da rural sejam alagadas. Isso vai acontecer?

Ventura – Não temos essa análise ainda. Os números precisos, só depois do estudo de viabilidade econômica. Creio que não há riscos de isso acontecer.


FÁBIO SCHAFFNER | Brasília

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