Alvo da manifestação foi o escritório da Eletrosul, que estaria trabalhando de forma impositiva para viabilizar a obra.
Por Leandro Kempka
Centenas de pessoas, a maioria agricultores dos municípios de Itapiranga, Pinheirinho do Vale, Vicente Dutra e Caiçara, participaram de uma manifestação, na sexta-feira, 25, contra a realização dos estudos para a construção da Usina Itapiranga.
A marcha iniciou no Colégio Agrícola de Itapiranga rumo ao centro da cidade, onde aconteceu manifesto em frente ao escritório da Eletrosul – instalado para intermediar nas negociações e realizar os estudos de impacto ambiental da usina. O ato encerrou às margens do rio Uruguai, onde peixes nativos foram soltos com o objetivo de alertar para a diminuição das espécies.
De acordo com o coordenador-regional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Marcelo Leal, os técnicos do escritório da Eletrosul – recentemente instalado em Itapiranga – estariam trabalhando com uma linguagem impositiva, o que desagrada os agricultores. “O pessoal está dizendo que a usina vai ser construída de qualquer forma, mas o fato é que a comunidade está resistindo e ainda não existe estudo algum. O próximo passo será a realização de uma audiência pública com os técnicos da Eletrosul. Vamos reivindicar o fechamento do escritório e a paralisação dos estudos de viabilidade”, afirmou Leal.
Leal ainda explicou que poucas pessoas sabem qual é o verdadeiro impacto, tanto social como ambiental, que a construção do empreendimento vai ocasionar para a região. “São mais de 1,5 mil famílias que irão sair, o que causará o êxodo rural e o empobrecimento da região”, acrescentou.
O gerente de patrimônio e meio ambiente da Eletrosul, Martin Carlos Resener, garante que o trabalho não está sendo realizado de forma impositiva e que o objetivo é apenas cumprir o cronograma previsto pelo Ministério de Minas e Energia. “A gente trabalha com diálogo e negociações, sempre respeitando o rio, conciliando interesses e evitando conflitos. Estamos trabalhando para realizar o estudo de viabilidade técnica e econômica da usina até fevereiro de 2014, como propõe o cronograma do Ministério de Minas de Energia. Vivemos o dilema de conciliar o desenvolvimento com a preservação”, explicou.
Ainda conforme Resener, em termos práticos, depois que os estudos forem concluídos, provavelmente o projeto da usina seja concretizado.
Durante o protesto ainda aconteceu uma palestra com o professor, mestre em Botânica, doutor em Ecologia e Recursos Naturais, Paulo Brack, que falou sobre os impactos ambientais ocasionados pela construção de hidrelétricas no rio Uruguai. Confira a entrevista exclusiva com o especialista na edição de sábado.
Manifestações atrasam implantação da usina
Conforme o cronograma inicial do projeto, após a sondagem geográfica, medições hidrométricas, topografia, cadastro socioeconômico e as liberações de licença ambiental, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) realizaria o leilão para construção do empreendimento em junho de 2008, com previsão para início da obra em junho de 2009, e início da operação em junho de 2013. No entanto, devido às manifestações contra o projeto, nem mesmo os estudos socioeconômicos foram realizados.
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