As hidrelétricas de Garabi e Panambi (Complexo Garabi), previstas para o trecho do Rio Uruguai na divisa com a Argentina, alagariam uma área de mais de 70mil hectares, maior do que a área prevista para ser inundada por Belo Monte.
Região do Parque Estadual do Turvo, na fronteira com o Corredor de Misiones, Argentina.
Além disso, o aumento na largura e profundidade do rio, gerado pelo lago da barragem, poderia dificultar o fluxo gênico entre o RS e a Argentina, onde existe o Maior Corredor da Mata Atlântica de Interior (Misiones – Alto Uruguai) que liga o P. E. do Turvo ao Parque Nacional de Iguaçu. Sabe-se que hoje muitos animais cruzam o Rio Uruguai, principalmente nas épocas em que os níveis estão mais baixos, e que o Corredor de Misiones é uma importante área fonte de biodiversidade para o parque. Portanto, caso houver um impedimento de passagem devido ao grande lago formado, poderá ocorrer um processo chamado de depressão endogâmica (acasalamento entre indivíduos cada vez mais aparentados), acarretando a extinção local de espécies, já que, por terra, o parque está isolado devido à existência de monoculturas de soja.
Outro aspecto seria o comprometimento da fauna de peixes, acarretando na perda de estoques pesqueiros de mais de 3 mil famílias de pescadores (informações do Prof. Dr. Rafael Cruz -UNIPAMPA). Dados do http://www.noagarabi.com.ar informam que aproximadamente 30mil pessoas seriam atingidas somente com a hidrelétrica de Garabi (excluindo Panambi).
As autoridades afirmam que o Salto do Yucumã, uma das Sete Maravilhas do RS, maior salto longitudinal do mundo, não seria alagado pela hidrelétrica. Levando em consideração que a cota máxima do lago da barragem estaria num nível de apenas 4 metros abaixo do Salto, o risco que se corre é muito alto. E mesmo que o Salto do Yucumã não seja totalmente inundado, como afirma o governo, parte dele pode ficar debaixo d’água, já que ele atinge os 12 metros de altura, comprometendo sua beleza cênica.
Jussara Cony teria assumido que perda de parte do Parque Estadual do Turvo, em decorrência da hidrelétrica de Garabi, seria fato irreversível…
Informações locais de Derrubadas (RS) dão conta de que a Secretária Jussara Cony, quando em visita ao Parque Estadual do Turvo, no dia 25 de fevereiro de 2011, manifestou-se como certa a perda de parte da área natural da maior e mais importante unidade de conservação de âmbito estadual, em decorrência da Hidrelétrica de Panambi. Mas teria garantido que “podemos conviver com a geração de energia através de recursos hídricos e preservar a natureza”. Segundo jornal eletrônico de Tenete Portela (http://fpop.com.br/2011/02/portico-no-parque-florestal-do-turvo-tem-investimento-de-1-110-milhoes/), quando esteve ao lado de prefeitos locais anunciando obras na área de visitação desta unidade, próxima ao Salto do Yucumã, teria ”tranqüilizado” a todos, com base nas informações do Ministério de Minas e Energia, que pelo menos o Salto não desapareceria.
A secretária da SEMA teria garantido, entretanto, que a secretaria acompanhará atentamente o andamento dos estudos de impacto ambiental e de finalização do projeto das Hidrelétricas. “No dia 18 de março haverá uma reunião em Buenos Aires e nos faremos presentes. O governador Tarso Genro, a quem represento, me pediu muita atenção a este processo”, disse a Secretária Jussara Cony.
É importante lembrar que os projetos de hidrelétricas do rio Pelotas-Uruguai deveriam obedecer o estudo de Avaliação Ambiental Integrada, exigência do Termo de Compromisso de Barra Grande (ver aqui), finalizado pela UNIPAMPA em 2010, apontando a necessidade de Áreas Livres de Barramentos e que não vê viabilidade de conservação da biodiversidade que sobrou na região com a construção de todos os empreendimentos hidrelétricos previstos pelo PAC.
O Movimento Ambientalista do RS pede moratória, há mais de 10 anos, às hidrelétricas da bacia do rio Uruguai até que se façam os estudos de zoneamento necessários de suas áreas de maior relevância de proteção e de seus impactos socioambientais. Inclusive é fato de que os grandes projetos na bacia do rio Uruguai, na sua quase totalidade, são de 1979, e deveriam ser revistos sob a luz da Constituição (1988), da Convenção da Diversidade Biológica (1992) e das demais leis que protegem a Mata Atlântica (1994, 2006) e as Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade (MMA, 2007).
Misiones dice: NO A GARABÍ!
Do lado Argentino, na província de Misiones, a população está muito mais atenta e mobilizada contra os impactos desses empreendimentos. Manifestações estão sendo realizadas e em uma semana a campanha coletou mais de 6mil assinaturas, e continua coletando mais!
NO a la represa de Garabí
• Que NO inunden nuestros pueblos
• Que NO enfermen a nuestros hijos
• Que NO nos mientan más
• Que NO destruyan lo que Dios creó
• Que NO nos engañen, ya sabemos lo que es un represa
Mais informações nas páginas:
No a Garabí
Misiones dice: No a Garabí
Río Uruguay Libre
Ya dijimos no
Represa Garabí ¿Sí o No?
Agência Da Hora
Maravilha o trabalho de vocês!
ResponderExcluirTrabalho com aves de rapina no Parque há mais de dois anos e sou um adepto da preservação do Turvo!
(www.avemissoes.blogspot.com)
Grande abraço e sucesso nesta causa!
Se já não bastasse Belo Monte no Norte agora Garabi no Sul. Duas das regiões mais lindas do Brasil correndo o risco de perder parte de sua biodiversidade e beleza. Não podemos ficar de braços cruzados.
ResponderExcluirSucesso nesta importante causa!!
Aproveito o texto para divulgar o blogue organizado pelos estudantes de biologia da UFRGS, S.O.S. Rio Pelotas-Uruguai, do qual provém originalmente esse texto.
ResponderExcluirhttp://sosriopelotas.wordpress.com/2011/03/04/garabi-panambi-complexo-pode-comprometer-populacoes-e-biodiversidade-da-regiao/
Confiram também as outras matérias!
Abraço!
Sou aluno de Guia de Turismo aqui em Porto Alegre,
ResponderExcluirtive a sorte de pegar o Trabalho de Roteamento Turistico da Rota do Yucumã;
Como ativista pela ecologia fiquei chocado durante minha pesquisa, com a mudança atual nos niveis do Rio, causados pela Usina de Chapecó, agora imaginem com + 2 em cima daquele acidente Geografico unico no mundo em grandiosidade.
Gerson Weber