segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Hidrelétricas: necessidade ou ganância?

O texto

Localizada no noroeste gaúcho e fazendo fronteira com Santa Catarina e Argentina, Derrubadas é uma pequena cidade interiorana de apenas 3.000 habitantes, mas um ótimo lugar para se viver. Nos últimos anos, as construções de hidrelétricas ao longo do rio Uruguai colocaram uma incógnita não apenas no futuro do nosso município como de toda região: o maior potencial turístico regional, o Salto do Yucumã, a maior queda d'água longitudinal do mundo e considerada uma das sete maravilhas do estado, já tem grande parte de suas quedas comprometidas pela ação das usinas, o que se agravará muito mais com a construção de novas hidrelétricas, principalmente com a hidrelétrica de Itapiranga, a pouco mais de 20 km, e com o complexo Garabi – Panambi, um projeto binacional entre Brasil e Argentina e que prevê ser o maior empreendimento hidrelétrico do estado. 
Conforme os idealizadores das usinas e grandes empresários envolvidos, os empreendimentos hidrelétricos gerarão milhares de empregos e serão excelentes para o Rio Grande do Sul, visto que aumentarão a integração energética entre Brasil e Argentina, permitindo que o estado importe menos energia de outras regiões do país, assim tendo maior autonomia nos recursos energéticos. 
Por outro lado, os que são contra destacam os imensos problemas que as barragens provocarão no nosso meio. Comunidades ribeirinhas deixarão para trás suas raízes culturais; o ecossistema local será afetado, pois áreas nativas serão inundadas e belezas naturais, como principalmente o Salto do Yucumã, serão submersas. Logo, o comércio turístico terá uma grande queda já que perderá seu principal sustentáculo. Afirmam também que se o Salto for submerso, perderão parte de sua identidade. 
Contudo, considero a produção de energia fundamental, mas os impactos ambientais e sociais gerados pela construção de tais hidrelétricas são arrasadores e de proporções indiscutíveis, aliás, nossos rios estão todos fragmentados e em desequilíbrio, juntamente com o restante da natureza se tornando mercadorias, por isso, deve-se ponderar o preço que a população e a natureza terão de pagar; a exemplo disso, a perda do maior potencial turístico da região, uma preciosidade, a maior do mundo, que leva seu nome a uma rota e sua beleza e encantamento como referência e orgulho de uma região. Sendo assim fico a perguntar: será que a necessidade energética justifica tantos problemas? 
Na minha opinião, deve-se recorrer a outros recursos energéticos tão renováveis quanto este, mas que causam menos impactos ao meio ambiente, como a energia solar e eólica, que apesar de terem um custo ligeiramente maior que a hidrelétrica, garantem menos transtornos, aliando à preservação da natureza e não perturbando a vida local. Podemos citar como exemplo a China, que concilia seu desenvolvimento diversificando a matriz energética, assim conseguindo menor dependência de combustíveis fósseis e preservando o meio ambiente, motivo que lhe garante o 1º lugar no ranking mundial de energia eólica. Sendo assim, o Brasil também poderia explorar mais este recurso, segundo o Atlas do Potencial Eólico Brasileiro, da Eletrobrás, o país tem capacidade para gerar até 140 GW, porém, atualmente a capacidade instalada não passa de 1% da estimativa. Recentemente, recebemos grandes investimentos que muito contribuíram para o desenvolvimento da área turística, e o município inteiro está se voltando para receber e aconchegar cada vez mais e melhor os visitantes. Estamos depositando tantas expectativas, mas o que faremos se tudo for em vão? É lamentável, mas está sucedendo o mesmo ocorrido com as Sete Quedas do rio Paraná, quando a gigante Itaipu foi construída. 
Enfim, a energia se faz necessária, no entanto devemos procurar alternativas que mantenham o equilíbrio ecológico e não desestruturam alicerces da sociedade, pois hoje não mais podemos escolher focando apenas o lado financeiro, mas também visando um amanhã sustentável, e como Gandhi dizia: “a natureza pode suprir todas as necessidades do homem, menos a sua ganância”. Que façamos algo enquanto há tempo... 

O autor
Ricardo Bauer Pilla, 3º ano 


Sobre o texto
Olá, me chamo Ricardo Bauer Pilla, estudante do 3º ano do ensino médio da Esc. Est. de Ens. Médio Getúlio Vargas, de Derrubadas-RS, a terra do nosso grandioso Salto do Yucumã... Acompanho o trabalho de vocês já faz algum tempo, todas as informações e defesas são ótimas e de grande importância, esta iniciativa de vocês é muito válida e por isso merecem o reconhecimento de tão bela atitude que é a defesa de nossos recursos naturais, principalmente o ameaçado Salto do Yucumã.

Desde junho participei da Olimpiada de Língua Portuguesa - escrevendo o fututo, edição 2012 - na categoria Artigo de Opinião, sendo este que deveria abordar sobre uma polêmica no lugar onde vivo; enfim, escolhi o tema mais difundido e divergente do meu local, "As hidrelétricas e o Salto do Yucumã"... 

Pesquisei muito, e o blog de vocês foi o meu amparo e o meu "Barsa", foi dali que pude tirar minhas próprias opiniões, contras e a favores, exemplos, citações, vozes e argumentos para meu texto; tive a oportunidade de tirar minhas dúvidas, de ampliar meu conhecimento e escrever sobre tal assunto que tanto me deixa inquieto.

Enviamos o tal artigo, e eu e minha professora de língua portuguesa, Marguit Lina Renner Sulczewski, fomos classificados como semifinalistas da olimpíada, e dos dias 26 a 29 de novembro participamos do encontro regional em Belo Horizonte - MG. Neste mesmo local, tivemos mais um resultado, e felizmente fomos novamente classificados para a etapa final, que ocorre em Brasília - DF, no dia 09 e 10 de dezembro, nesta oportunidade conheceremos os 5 vencedores de todo o Brasil. 

Enfim, quero por meio deste ( se há possibilidade) de divulgarem meu texto no blog de vocês, quero fazer parte de mais uma defesa de nosso incontestável Salto do Yucumã e de tantas outras belezas e histórias que estão ameaçadas pela ação das hidrelétricas...

Dia 9, antes de ir para Brasília, terei de fazer o vestibular da UFSM em Frederico Westphalen, chegarei lá em Brasília meio atrasado, mas não posso deixar de fazer o exame que é a porta de entrada desta universidade, e ano que vem, se tudo ocorrer bem estarei "ai" no CERNORS com vocês, mas em Engenharia Florestal...

Meu texto segue anexado, qualquer coisa me contatem por este mesmo endereço de email ou pelo facebook - Ricardo Bauer Pilla -.

Desde já, agradeço pela atenção e por também fazerem parte da defesa do Salto, pois aqui em NOSSO município não há demais preocupações, ou estas não passam do pensamento e daquelas conversas corriqueiras; as ações que são importantes são deixadas de lado...

Por favor continuem defendendo nossa beleza, nosso encanto... Parabéns, do fundo do peito por esta iniciativa.


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Estudos de viabilidade em Garabi e Panambi começam em 2013


Em reunião realizada no dia 14 de novembro, em Buenos Aires, com representantes do Brasil e da Argentina, foi reapresentado o cronograma dos aproveitamentos hidrelétricos Garabi e Panambi, dois projetos binacionais que somam 2.200 MW de capacidade instalada (veja o cronograma no fim desta matéria).

Na ocasião, a Comissão Técnica Mista (CTM), instituída pelo Protocolo Adicional ao Tratado Binacional (conheça o tratado aqui), aprovou a minuta de contrato para a realização dos estudos de viabilidade e dos projetos básicos, incluindo os estudos ambientais e de comunicação social dos dois aproveitamentos. Participaram da reunião, pelo Brasil, o superintendente de Geração da Eletrobras, Sidney do Lago, e o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, Altino Ventura Filho, e pela Argentina, entre outras autoridades, o presidente da delegação argentina na CTM, Oscar Thomas, e o presidente da Ebisa, Edgardo Lluravel.

A expectativa é que o contrato seja assinado em dezembro, ainda sem dia definido, e que os trabalhos de viabilidade sejam iniciados no primeiro trimestre de 2013.
Cronograma do projeto:
Assinatura dos contratos de viabilidade e projeto básico – dezembro de 2012
Início dos trabalhos de viabilidade – 1º trimestre de 2013
Término dos projetos básicos – 2014
Licitação para a construção das obras – 2015
Construção – 2016 a 2020
Início da operação comercial – 2020


Fonte: Assessoria de Comunicação da Eletrobras


sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Ambientalistas protestam contra hidrelétrica no Rio Pelotas-Uruguai

Em Porto Alegre, um protesto foi realizado para chamar a atenção sobre o alagamento de uma área de 6,2 mil hectares de Mata Atlântica


Manifestantes alegam que "o empreendimento não é ambientalmente viável devido aos graves danos ambientais e culturais não compensáveis e não mitigáveis"Foto: Félix Zucco / Agencia RBS
Lara Ely


O alagamento de uma região rica em biodiversidade para a construção da usina hidrelétrica de Pai Querê, na divisa do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, tem sido alvo de protestos de ambientalistas. Idealizada na década de 70 e ressuscitada pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a obra está prevista para a região do Rio Pelotas na divisa entre os municípios de Bom Jesus (RS) e Lages (SC), mas aguarda licenciamento pelo Ibama.

Após uma parada devido à greve, os trabalhos foram retomados na semana passada. Por causa disso, um manifesto de repúdio foi entregue nesta quinta-feira ao Ibama, em Brasília. No documento, os manifestantes alegam que "o empreendimento não é ambientalmente viável devido aos graves danos ambientais e culturais não compensáveis e não mitigáveis".

Em Porto Alegre, um protesto foi realizado para chamar a atenção sobre o alagamento de uma área de 6,2 mil hectares de Mata Atlântica.


Foto: Félix Zucco

Entre os impactos apontados pelo pesquisador e professor da UFRGS, Paulo Brack está a ameaça a espécies raras de fauna e flora.

— O que sobrou de biodiversidade na região está presente justamente no local que será inundado — diz Back.

Responsável pela obra, o consórcio entre Votorantim Cimentos, Alcoa e DME Energética realizou, em março, uma série de audiências públicas para discussão do Estudo de Impacto Ambiental e do Relatório de Impacto Ambiental (Eira/ Rima).

Na ocasião, entidades interessadas estiveram presentes para esclarecer pontos polêmicos. Os ambientalistas afirmam, porém, que as questões técnicas mais graves não foram contrapostas. O argumento da empreiteira é que o relevo do local que será inundado não é aproveitável para outros fins. A usina deve ter potência de 292 megawatts.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

As Veias Secas da Amazônia

Enquanto os imponentes rios da Amazônia são ocupados por usinas hidrelétricas e tornam o Brasil a "Potência Energética do século 21", o impacto dessas obras nas populações locais continua a ser ignorado

por FELIPE MILANEZ  - Revista Rolling Stones, junho 2012

Às margens do Rio Tapajós, em Itaituba (PA), um encontro de grupos sociais discute os impactos da construção da primeira de cinco hidrelétricas na região. Felício Pontes está com a palavra. Procurador Federal do Pará e atuante em defesa de populações atingidas por usinas, ele aponta no mapa a cachoeira Sete Quedas, um dos locais da construção da usina no rio Teles Pires, formador do rio Tapajós.

“É o local de procriação dos peixes”, Pontes explica, tentando provar que as usinas na Amazônia não são necessárias para o desenvolvimento do país, enumerando formas de desperdícios e energias alternativas. “Sou ruim de matemática, mas é só fazer as contas.”

Em seguida, Kubatiapã (nome indígena de Tiago Munduruku), cacique do povo mundurucu, pede para contar o pesadelo que teve na noite anterior.

“Estávamos andando, um bocado de pessoas. Pintados. Com arco e flecha nas costas, na direção do poente. Num momento vem um avião, passando pertinho. E de uma estrada, para um carro, e eles começam a atirar. O avião metralha. Eu estava com a arma, o arco na mão, que virou uma espingarda 22. O jato começou a atirar contra o povo, na direção dos mais fracos. Gritei para todo mundo entrar no mato. Era como pingo d’agua caindo do céu. Eram projéteis, balas. Nos escondemos, e fomos para essa cachoeira sagrada. Lá é um lugar protegido. Ali está a história”, diz. “Se acontecer a hidrelétrica, o rio Tapajós tem história indígena. Vão acabar com o rio. Vão acabar.”

De acordo com informações do Ministério Público e da organização International Rivers, o governo federal planeja construir três usinas no rio Tapajós, quatro no Jamanxim (um afluente) e seis barragens para o Teles Pires, que, juntamente como o Juruena, forma o Tapajós. Para a bacia toda, que inclui ainda o rio Apiacás, o plano é levantar um total de 16 barragens, que impactariam mais de dez mil indígenas que vivem às margens desses rios.

O pesadelo do genocídio indígena sonhado por Kubatiapã talvez não seja uma fantasia. No encontro, ocorrido em maio, o cacique debateu com lideranças dos movimentos sociais do rio Madeira, como Iremar Antônio Ferreira, do Instituto Madeira Vivo, e Antônia Melo, coordenadora do Movimento Xingu Vivo. O objetivo é construir uma “aliança pelos quatro rios”, envolvendo Madeira, Xingu, Tapajós e Teles Pires. Jesielita Roma Gouveia, coordenadora do fórum social dos movimentos da BR-163, estrada que está sendo asfaltada e trará impactos à região, foi escolhida para ser a coordenadora do movimento Tapajós Vivo.

“Itaituba cresceu desordenadamente desde a época do garimpo”, reclama Jesielita. “Depois, vieram as madeireiras, e agora os projetos de rodovia, hidrovia, complexos hidrelétricos e PCHs (Pequenas Centrais Hidrelétricas) que estão no PAC 2, da presidente Dilma. O governo não conhece nossa realidade. Não estamos preparados para receber um projeto desse porte. A gente está sofrendo muito.”

Afogando florestas e o Yucumã

"As usinas gaúchas, por outro lado, não executam nada que não seja o mínimo previsto em leis de redução de impacto ambiental e engalfinham-se em pendengas judiciais com as populações desalojadas. Conclusão: não há mais meios de sustentar essa situação insustentável", escreve Carlos Dominguez, jornalista e doutorando na Linha de Pesquisa Jornalismo e Produção Editorial da PPGCOM/UFRGS, em artigo publicado no jornal Zero Hora, 25-06-2012. Eis o artigo.


Amaior floresta do Rio Grande do Sul, o Parque Estadual do Turvo, com 17 mil hectares e uma das sete maravilhas do Estado, o Salto do Yucumã, estão ameaçados por empreendimentos hidrelétricos: a construção de duas usinas no trecho binacional do Rio Uruguai, na fronteira oeste, e mais um projeto de usina no trecho de fronteira com Santa Catarina. E não é só isso.

O projeto da construção das obras de Garabi Panambi vai afetar 44 mil hectares e 19 mil hectares de vegetação nativa. O total é de 63 mil hectares. Os dados estão no Estudo de Inventário do Rio Uruguai no Trecho Compartilhado entre Argentina e Brasil, produzido pelas empresas estatais relacionadas ao setor elétrico Ebisa (Argentina) e Eletrobras (Brasil), publicado em novembro de 2010. Do Parque do Turvo, o documento menciona a perda de 60 hectares de vegetação nativa protegida por lei.

Esse estudo faz parte das primeiras etapas do processo de avaliação para os dois megaempreendimentos, que custarão, no mínimo, segundo o documento, US$ 5,2 bilhões (valor de dezembro de 2008). Entre políticos do Estado que apoiam a iniciativa, já foram mencionados até US$ 8 bilhões.

As usinas, se forem executadas, ficarão em pequenas localidades na mítica fronteira que o Uruguai traça por 725 quilômetros entre Brasil Argentina. O lago de Garabi inundará as cidades de GarruchosAzaraItacaruaré San Javier, na Argentina. No Brasil, serão afogadas Garruchos Porto Xavier. Já o barramento de Panambi deixará debaixo d’água a argentina Alba Posse e a brasileira Porto Mauá. O inventário aponta que 9,2 mil pessoas tenham de deixar a área rural que vai virar lago. Das cidadezinhas, ficarão 3,4 mil desalojados.

Se dos núcleos urbanos vem poluição, das represas já existentes, quando da abertura das comportas, vêm vagalhões de água que desbarrancam o rio, principalmente em áreas já degradadas com desmatamento motivado pela agricultura e pastoreio. Os técnicos da Ebisa e da Eletrobras estimam que as duas novas usinas tragam como custo ambiental direto uma quantia em torno de US$ 654 milhões.

Quem visita o Salto do Yucumã, a maior queda d’água longitudinal do mundo, já convive com o impacto da Usina Hidrelétrica Foz do Chapecó, que, quando abre suas comportas, eleva em questão de horas o nível do Rio Uruguai, dificultando a visibilidade da atração. Na região já são sete grandes hidrelétricas, sendo duas no Rio Uruguai (Itá e Foz do Chapecó) e as demais em seus principais afluentes: são as usinas de Passo FundoMachadinhoBarra GrandeCampos Novos Monjolinho. Em planejamento também se encontra a usina deItapiranga, no Rio Uruguai, mais perto ainda do Parque do Turvo e do Salto do Yucumã.

Como comparação, a binacional Itaipu, no Paraná, executa hoje o maior projeto ambiental do país, denominadoCultivando Água Boa. A iniciativa pioneira se desdobra em 10 programas que geram conhecimento e riqueza para a população local. As usinas gaúchas, por outro lado, não executam nada que não seja o mínimo previsto em leis de redução de impacto ambiental e engalfinham-se em pendengas judiciais com as populações desalojadas. Conclusão: não há mais meios de sustentar essa situação insustentável.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

A natureza pede socorro, só o homem pode ajudar

A construção do complexo de Garabi-Panambi é uma ameaça a beleza da maior queda d’água longitudinal do mundo

Renata Camargo

O complexo de Garabi-Panambi é projeto para construção de 2 usinas hidroelétricas binacionais na fronteira do Brasil com a Argentina. No projeto está previsto a construção de duas barragens no Rio Uruguai, uma fica localizado na Cidade de Porto Mauá e a outra no município de Garruchos.



Salto do Yucumã pode deixar de existir

A polêmica deste projeto se dá em torno da possibilidade de desaparecer o Salto do Yucumã, que no lado Argentino se chama Salto del Moconã. O Salto do Yucumã, localizado na cidade de Derrubadas, é uma das 7 maravilhas do estado do Rio Grande do Sul, com 1,8 km de extensão, é a maior queda d’água longitudinal do mundo. Além disso, a fauna e a flora nativa do Parque Estadual do Turvo é uma das maiores áreas de preservação do Estado, com animais como saguis, antas e até onças pintadas habitando essas áreas. Esta raridade da natureza, além de uma importante área de preservação é também fonte de rende para a população ribeirinha que lucra com o turismo.

O projeto está em andamento e prevê que apenas 0,3 % do Salto seja encoberto com a água, mas o que temem os especialista é que os dados estão sendo levantados à partir do fluxo de água atual do Rio Uruguai, pois assim que a primeira barragem for construída esses números mudam e tendem a tomar proporções cada vez maiores. A população ribeirinha de El Sorberbo, onde está localizado o Salto del Moconã já está preocupada com o desaparecimento do Salto.O comerciante Cunha afirma que precisa ser feito o que for possível para que esta barragem não atinja o salto: “ E mesmo que a barragem seja construída ela não pode tapar o salto, pois eu penso em o futuro dos meus filhos, no ar que eles vão respirar”. Além disso, Cunha se preocupa com os negócios, pois a mais de 20 anos ele trabalha em um restaurante que recebe inúmeros turistas diariamente.

Entre as entrevistas realizadas no lado Argentino, especificamente na cidade de El Soberbo na Província de lá Missiones, o povo se mostra consciente e está buscando alternativas que barrem a construção da usina e salvem a beleza das paisagens do lugar. Já na cidade de Derrubadas-RS os entrevistados não tinham muitas informações sobre o projeto que pode afetar a vida da população da cidade, mas todos temem que o Salto do Yucumã seja encoberto pela barragem. “Se o salto sumir nós da cidade sumimos também. São os turistas que movimentam Derrubadas”, está é a preocupação da Comerciante ao ver que existe a possibilidade de que o salto desapareça.

Os idealizadores da usina defendem sua construção e alegam que este é sem dúvidas o maior projeto de geração de energia do Rio Grande do Sul. O coordenador do grupo temático de energia da Fiergs, Carlos Faria, em entrevista para o Jornal Folha de São Borja, destaca que o empreendimento contribuirá para aumentar a integração energética entre Argentina e Brasil. Além disso, permitirá que o Rio Grande do Sul “importe” menos energia de outras regiões do País.


População ribeirinha pode ter que se mudar do local. Fotos: Renata Camargo

Campanhas para salvar o local são a esperança

As campanhas geradas depois do anuncio das negociações entre Brasil e Argentina para a construção do Complexo Garabi-Panambi são a esperança de homens e mulheres que desejam salvar a natureza. Para os idealizadores das campanhas o complexo traz apenas vantagens financeiras, onde a ganância humana pode ser fatal ao meio ambiente e que com um impacto ambiental tão grande trará consequências gravíssimas.

Apesar da construção ser uma binacional que trará impacto para ambos os países, a luta pela preservação é mais forte no lado Argentino. Desde 2011 foi lançada pela internet campanhas como Diga não a Garabi, “Garabi para que?”. Em resultado as campanhas, o governo argentino anunciou que haverá um plebiscito onde a população poderá escolher sim ou não para a construção de Garabi-Panambi. O plebiscito ainda não tem data prevista.

Aqui no Brasil estão sendo feitos estudos para medir o impacto que a usina traz ao meio ambiente, a partir desses estudos alguns ambientalistas pretendem usar de algum meio legal para barrar a construção do complexo.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Publicado artigo sobre o caso de Garabi

O SILÊNCIO DOS AFOGADOS. O DESAPARECIMENTO DA POPULAÇÃO RIBEIRINHA NO NOTICIÁRIO SOBRE A CONSTRUÇÃO DA HIDRELÉTRICA DE GARABI

é o nome dado ao Artigo publicado e colocado em discussão sobre o tema em torno do problema que pode representar o fim de muita coisa, principalmente para os ribeirinhos do Rio Uruguai.


A publicação está vinculada a este link: http://www.razonypalabra.org.mx/
O artigo pode ser conferido nesse link: http://www.razonypalabra.org.mx/N/N79/M79/09_Dominguez_M79.pdf

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Coinscidências desagradáveis


Em 13 de outubro de 1982 as comportas da recém criada Usina Hidrelétrica de Itaipu foram fechadas inundando as quedas d’água. Para se ter uma ideia de sua grandeza basta compararmos a taxa média de fluxo anual dela com as Cataratas do Niágara (a maior em volume de água atualmente), a Sete Quedas tinha um fluxo de 13.300 m³/s enquanto as Cataratas do Niágara tem hoje 2.407 m³/s. Ela se localizava na fronteira entre o Brasil e o Paraguai fazia parte do Rio Paraná, hoje ela esta localizada no fundo do lago artificial de Itaipu. Qualquer semelhança com o Salto do Yucumã não é coinscidência.


“Sete quedas por mim passaram, e todas sete se esvaíram.
Cessa o estrondo das cachoeiras, e com ele a memória dos índios, pulverizada, já não desperta o mínimo arrepio. Aos mortos espanhóis, aos mortos bandeirantes, aos apagados fogos de Ciudad Real de Guaira vão juntar-se os sete fantasmas das águas assassinadas por mão do homem, dono do planeta. Aqui outrora retumbaram vozes da natureza imaginosa, fértil em teatrais encenações de sonhos aos homens ofertadas sem contrato.
Uma beleza-em-si, fantástico desenho corporizado em cachões e bulcões de aéreo contorno mostrava-se, despia-se, doava-se em livre coito à humana vista extasiada. Toda a arquitetura, toda a engenharia de remotos egípcios e assírios em vão ousaria criar tal monumento.
E desfaz-se por ingrata intervenção de tecnocratas. Aqui sete visões, sete esculturas de líquido perfil dissolvem-se entre cálculos computadorizados de um país que vai deixando de ser humano para tornar-se empresa gélida, mais nada.
Faz-se do movimento uma represa, da agitação faz-se um silêncio empresarial, de hidrelétrico projeto. Vamos oferecer todo o conforto que luz e força tarifadas geram à custa de outro bem que não tem preço nem resgate, empobrecendo a vida na feroz ilusão de enriquecê-la.
Sete boiadas de água, sete touros brancos, de bilhões de touros brancos integrados, afundam-se em lagoa, e no vazio que forma alguma ocupará, que resta senão da natureza a dor sem gesto, a calada censura e a maldição que o tempo irá trazendo?
Vinde povos estranhos, vinde irmãos brasileiros de todos os semblantes, vinde ver e guardar não mais a obra de arte natural hoje cartão-postal a cores, melancólico, mas seu espectro ainda rorejante de irisadas pérolas de espuma e raiva, passando, circunvoando, entre pontes pênseis destruídas e o inútil pranto das coisas, sem acordar nenhum remorso, nenhuma culpa ardente e confessada.

(“Assumimos a responsabilidade! Estamos construindo o Brasil grande!”)
E patati patati patatá… Sete quedas por nós passaram, e não soubemos, ah, não soubemos amá-las, e todas sete foram mortas, e todas sete somem no ar, sete fantasmas, sete crimes dos vivos golpeando a vida que nunca mais renascerá.” 
Carlos Drummond de Andrade 

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Temor e desinformação envolvem hidrelétrica binacional no Rio Uruguai

Notícia postada no site Ambiente Já!

Ameaça real e imediata. Uma situação factual do cotidiano deu início a um inédito projeto de educação ambiental e jornalismo. O anúncio, em 2008, pela imprensa de que os governos do Brasil e Argentina uniriam esforços para construir hidrelétricas no Rio Uruguai, o complexo de Garabi, despertou a curiosidade do professor e jornalista Carlos Dominguez. A possibilidade de a nova usina deixar o Salto do Yucumã e o Parque Estadual do Turvo submersos levou o professor e mais quatro alunos a conhecer a realidade e praticar a educação ambiental aplicada ao jornalismo.

Por mais de dois anos a equipe do Curso de Jornalismo do Centro de Educação Superior Norte – RS (Cesnors/UFSM) desenvolveu o projeto Diversidade Ambiental: Ribeirinhos do Rio Uruguai e moradores do entorno do Parque Estadual do Turvo. Neste período, utilizando técnicas jornalísticas foram realizadas gravações com os moradores do entorno do parque, no município de Derrubadas, sede do maior parque estadual gaúcho e último lar da onça pintada no Rio Grande do Sul. Além do registro em vídeo das histórias de vida e manifestações culturais típicas no contato com a terra e a mata foi trabalhado o discurso ambiental, em especial com a questão de viver próxima a uma área de preservação e as contradições que este fato gera.

O material recolhido resultou em um vídeo-documentário no estilo grande reportagem de telejornalismo com 30min mostrando a opinião de moradores e autoridades locais sobre o problema que a criação da usina teria para a população de Derrubadas. Este vídeo, num segundo momento, foi levado para a rede escolar municipal, onde alunos da primeira a oitava série assistiram a uma palestra, a reportagem, olharam fotografias e, ao final, realizaram um plantio de mudas nativas.

Além do trabalho de campo, no mesmo período de tempo, foi sendo recolhido material na mídia impressa e sites de veículos de comunicação que tratavam do tema Usina de Garabi. Ali estão sendo analisados os fluxos dos discursos ambientais por meio da análise do discurso.

Como resultado parcial do trabalho de extensão junto a população foi possível verificar, de acordo com os acadêmicos Clarissa Hermes, Letícia Sangaletti, Lucas Wirti e Mariana Correa, uma grande desinformação sobre a questão da barragem e o possível alagamento do Salto do Yucumã. Já no lado argentino, na localidade de El Soberbo, foi verificado junto aos depoimentos recolhidos a existências de mais informações sobre Garabi e os efeitos da usina sobre o ambiente local. É interessante destacar que tal fato se deve a somente a população argentina explorar turisticamente o potencial do Salto do Yucumã com, hotéis, pousadas e passeios de barco. No lado brasileiro não há exploração turística significativa.

Esta população, de aproximadamente 5 mil pessoas moram no entorno do parque. Geograficamente, o Rio Uruguai divide uma grande área binacional de preservação de floresta subdecidual de aproximadamente 80 mil hectares, sendo 17 mil hectares no Brasil e o restante na Argentina, no parque provincial de Moconã. Exatamente no centro desta área encontra-se o Salto do Yucumã (Salto del Moconã em espanhol), a maior queda d'água longitudinal do mundo, com 1,8 quilômetros de extensão. O local, além da inigualável beleza paisagística, o local é um dos últimos habitats de inúmeras espécies da fauna e flora, além de inquestionável biodiversidade.

Tudo isto está ameaçado de começar a não mais existir a partir de 2012, data prevista para começarem as obras do empreendimento binacional. Felizmente, já existe um movimento na sociedade civil pro-Yucumã. Acompanhe mais sobre o assunto no blog http://salveosaltodoyucuma.blogspot.br

(Por Projeto Ribeirinhos Rio Uruguai, EcoAgência, 20/09/2010)

terça-feira, 3 de abril de 2012

Mais um passo na integração energética da América Latina


Foto do presidente da Eletrobras, José da Costa, com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, discutindo as usinas Garabi e Panambi com a presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, e o ministro de Planejamento argentino, Julio de Vido, em Buenos Aires
O Consórcio Energético do Rio Uruguai, composto pelas empresas brasileiras Intertechne Consultores S. A. e Engevix Engenharia S.A e pelas empresas argentinas Consular Consultores Argentinos Asociados S.A, Grupo Consultor Mesopotamico S.R.L., I.A.T.A.S.A Ingeniería y Asistencia Técnica Argentina Sociedad Anónima de Servicios Profesionales, e Latinconsult S.A., saiu vencedor da licitação internacional para contratação dos estudos de engenharia e estudos ambientais do projeto Garabi/Panambi. O resultado foi comunicado nesta semana pela estatal argentina de energia Ebisa, parceira da Eletrobras no projeto e responsável pelo certame.
O presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, destacou a importância das usinas hidrelétricas Garabi e Panambi, projetadas na fronteira do Rio Grande do Sul com a Argentina, para a internacionalização da companhia. “Estes projetos são a primeira iniciativa binacional com a Argentina e promovem o fortalecimento da integração do Brasil com o segundo maior mercado de energia elétrica da América do Sul”, disse o executivo. O presidente esteve na semana passada em Buenos Aires com o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para discutir as usinas com a presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, e o ministro de Planejamento argentino, Julio de Vido (foto).

O próximo passo será a assinatura do contrato com o consórcio, ainda sem data definida. Após isso, a previsão é que os estudos sejam concluídos num prazo de até 24 meses. As duas usinas somam 2.200 MW de capacidade instalada e devem receber investimentos de US$ 4,8 bilhões, em aproximadamente quatro anos de obras.

Fonte: Assessoria de Comunicação da Eletrobras

terça-feira, 20 de março de 2012

vale compartilhar...

Temos recebido bastante apoio do pessoal que lê nosso blog!Nada como compartilha-las!

Boa tarde!
 
Estou enviando este e-mail para parabenizá-los pela belíssima iniciativa!
 
Moro em São Borja - RS, aqui o Rio Uruguai é tão poluido que é proibido entrar na água, ao visitar Derrubadas e ver o Parque do Turvo, fiquei emocionada ao ver a beleza do nosso Rio nesta região, para mim o lugar mais belo do Rio Grande do Sul é esse e é muito pouco divulgado.
 
Parabéns pessoal!!
 
Att
 
Laisla Thaís Lopes
Departamento de Peças - Estoque e NFe
Redemaq / RS

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012