quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
Um parabéns bem grande!
Agricultores resistem à construção da Usina Itapiranga
segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Agricultores mobilizados contra a barragem Itapiranga
sexta-feira, 18 de novembro de 2011
Movimento Gota D'água - YouTube
quarta-feira, 2 de novembro de 2011
O grande roncador quase não grita mais
domingo, 25 de setembro de 2011
Hidrelétricas já afetaram visibilidade no Salto do Yucumã, diz prefeito
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Professor Carlos Dominguez em palestra em Porto Alegre
quinta-feira, 25 de agosto de 2011
Terça Ecológica coloca em pauta o Salto do Yucumã
Em parceria com o Diretório Acadêmico da UFRGS e a UFSM, o NEJ-RS debate o desaparecimento de uma das sete maravilhas do Estado
Símbolo da cultura e da história do Rio Grande do Sul, o Salto do Yucumã, localizado no Parque Estadual do Turvo, no município de Derrubadas, é o maior salto longitudinal do mundo, com 1,8 km de extensão. Este poderia ser um dos motivos para torná-lo uma grande atração turística e gerar incentivo a ações de preservação ambiental. Contudo, a realidade é outra: o salto corre o risco de desaparecer.
O Núcleo dos Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (NEJ-RS), em parceria com a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e o Diretório Acadêmico da Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, traz o professor Carlos Dominguez, coordenador de um projeto na região ameaçada, para tratar do tema. A Terça Ecológica ocorre dia 13 de setembro, às 19h30min, no auditório 2 (na ex-Escola Técnica, ao lado da Fabico), e a entrada é franca.
Mais sobre o Salto do Yucumã
Geograficamente, o Rio Uruguai divide uma grande área binacional de preservação de floresta subdecidual de aproximadamente 80 mil hectares, sendo 17 mil hectares no Brasil e o restante na Argentina, no parque provincial de Moconã. Exatamente no centro desta área encontra-se o Salto do Yucumã (Salto del Moconã em espanhol), a maior queda d'água longitudinal do mundo. "Além da inigualável beleza paisagística, o local é um dos últimos habitats de inúmeras espécies da fauna e flora, além de inquestionável biodiversidade", lembra Dominguez.
Porém, em função das hidrelétricas, que alteram o regime de águas do Rio Uruguai no norte e nordeste do Estado, o salto é um gigante submerso na maior parte do ano. Além disso, a construção de uma hidrelétrica binacional pode tornar o Salto do Yucumã uma lembrança do passado.
Um projeto do curso de Jornalismo do Centro de Educação Superior Norte/UFSM, campus de Frederico Westphalen, esteve por três anos gravando um documentário sobre a visão do salto por parte dos moradores do entorno do Parque do Turvo e ribeirinhos do Rio Uruguai. O trabalho também está associado a uma pesquisa do comportamento da mídia do Brasil e Argentina por conta da construção do Complexo Hidrelétrico de Garabi. É com esta experiência que Dominguez apresenta o tema na Terça Ecológica.
Terça Ecológica sobre o Salto do Yucumã
Data: 13 de setembro
Horário: 19h30min
Local: Auditório 2 (na ex-Escola Técnica, ao lado da Fabico) - Rua Ramiro Barcelos, 2705
Entrada franca
Sul 21 » Hidrelétricas no rio Uruguai ameaçam Salto do Yucumã
segunda-feira, 27 de junho de 2011
Nos vemos na Argentina!
Ameaça ambiental. Parque Estadual do Turvo e Salto do Yucumã próximos do fim! Ponencia - Mesa de Trabajo 4. Comunicacion y Extensión - Aprobado |
http://www.unl.edu.ar/
La Universidad Nacional del Litoral convoca a participar del XI Congreso Iberoamericano de Extensión Universitaria denominado“Integración extensión, docencia e investigación para la inclusión y cohesión social” que se desarrollará en la ciudad de Santa Fe, Argentina del 22 al 25 de Noviembre de 2011.
terça-feira, 21 de junho de 2011
terça-feira, 3 de maio de 2011
Assembléia Legislativa quer debater Garabi
O presidente da Comissão do Mercosul do parlamento gaúcho, deputado Mano Changes, anunciou que será criado um grupo técnico para elaboração de um estudo de viabilidade socioeconômica para construção das Usinas de Garabi e Panambi, na região
Assembléia criará grupo técnico para elaborar estudo de viabilidade sócioeconômica para as duas usinas
Em audiência pública realizada pela Assembléia Legislativa, ontem à tarde, no Centro de Eventos Iglenho Araújo Burtet, dentro da programação da 15ª Fenamilho, no parque de exposições Siegfried Ritter, em Santo Ângelo, o presidente da Comissão do Mercosul do parlamento gaúcho, deputado Mano Changes, anunciou que será criado um grupo técnico para elaboração de um estudo de viabilidade socioeconômica para construção das Usinas de Garabi e Panambi, na região.
O encontro proposto pela deputada estadual Zilá Breitenbach (PSDB), contou com as presenças do prefeito Eduardo Loureiro, ex-secretário estadual de Minas e Energia, Valdir Andres, em cuja gestão a obra foi resgatada, superintendente de geração da Eletrobrás, Sidney do Lago Júnior, deputados estaduais Adroaldo Loureiro (PDT) e Jefferson Fernandes (PT), prefeitos da região, políticos, empresários, expositores e comunidade em geral.
No entender de Mano, Santo Ângelo é uma cidade-pólo que tem como foco o desenvolvimento regional "que infelizmente está estagnado", lamenta. "O RS é rico pelo seu desenvolvimento global e investimento de R$ 5 bilhões gerando 40 mil empregos diretos com a construção das duas barragens demonstra uma outra preocupação da Assembléia Legislativa que são os danos ambientais que podem provocar as duas obra.
No seu ponto de vista, as hidrelétricas precisam ser uma bandeira do Estado, pois o grande fator estratégico será a geração de energia.
Nestas obras binacionais, Mano admitiu que estão sendo desencadeadas apenas ações unilateriais. Neste sentido, a Comissão do Mercosul vai começar a criar um grupo técnico para acompanhar a evolução deste processo e analisar as suas prioridades.
O deputado defende que os governos do Estado e federal sejam pressionados a fim de que as obras sejam executadas sem deixar de privilegiar as riquezas naturais. "É portanto se fazer um debate minucioso não esquecendo os impactos ambientas que as hidrelétricas podem acarretar. O desenvolvimento sustentável de uma região harmoniza o homem no meio ambiente", opina.
Para Mano, as duas barragens serão importantes para criação de um corredor ferroviário do Mercosul. Portanto, será feito um estudo técnico junto a Fundação Estadual de Proteção ao Meio Ambiente (Fepam), buscando detalhes dos impactos a serem causados pelas duas obras. E as audiências públicas servem para mobilizarem as comunidades e que devem estar atentas aos impactos que as barragens podem causar nas localidades, comentou. "É preciso fazer um debate minucioso com a população antes de começar um estudo técnico", reforça o parlamentar.
IMPACTOS NEGATIVOS
Para a deputada Zilá, o RS precisa estar preparado para usufruir as oportunidades que as hidrelétricas proporcionam, na tentativa de diminuir, ao máximo, os impactos negativos que as obras poderão provocar.
Agência Da Hora com informações da Tribunal Regional
O presidente da Comissão do Mercosul do parlamento gaúcho, deputado Mano Changes, anunciou que será criado um grupo técnico para elaboração de um estudo de viabilidade socioeconômica para construção das Usinas de Garabi e Panambi, na região
Em audiência pública realizada pela Assembléia Legislativa, ontem à tarde, no Centro de Eventos Iglenho Araújo Burtet, dentro da programação da 15ª Fenamilho, no parque de exposições Siegfried Ritter, em Santo Ângelo, o presidente da Comissão do Mercosul do parlamento gaúcho, deputado Mano Changes, anunciou que será criado um grupo técnico para elaboração de um estudo de viabilidade socioeconômica para construção das Usinas de Garabi e Panambi, na região.
O encontro proposto pela deputada estadual Zilá Breitenbach (PSDB), contou com as presenças do prefeito Eduardo Loureiro, ex-secretário estadual de Minas e Energia, Valdir Andres, em cuja gestão a obra foi resgatada, superintendente de geração da Eletrobrás, Sidney do Lago Júnior, deputados estaduais Adroaldo Loureiro (PDT) e Jefferson Fernandes (PT), prefeitos da região, políticos, empresários, expositores e comunidade em geral.
No entender de Mano, Santo Ângelo é uma cidade-pólo que tem como foco o desenvolvimento regional "que infelizmente está estagnado", lamenta. "O RS é rico pelo seu desenvolvimento global e investimento de R$ 5 bilhões gerando 40 mil empregos diretos com a construção das duas barragens demonstra uma outra preocupação da Assembléia Legislativa que são os danos ambientais que podem provocar as duas obra.
No seu ponto de vista, as hidrelétricas precisam ser uma bandeira do Estado, pois o grande fator estratégico será a geração de energia.
Nestas obras binacionais, Mano admitiu que estão sendo desencadeadas apenas ações unilateriais. Neste sentido, a Comissão do Mercosul vai começar a criar um grupo técnico para acompanhar a evolução deste processo e analisar as suas prioridades.
O deputado defende que os governos do Estado e federal sejam pressionados a fim de que as obras sejam executadas sem deixar de privilegiar as riquezas naturais. "É portanto se fazer um debate minucioso não esquecendo os impactos ambientas que as hidrelétricas podem acarretar. O desenvolvimento sustentável de uma região harmoniza o homem no meio ambiente", opina.
Para Mano, as duas barragens serão importantes para criação de um corredor ferroviário do Mercosul. Portanto, será feito um estudo técnico junto a Fundação Estadual de Proteção ao Meio Ambiente (Fepam), buscando detalhes dos impactos a serem causados pelas duas obras. E as audiências públicas servem para mobilizarem as comunidades e que devem estar atentas aos impactos que as barragens podem causar nas localidades, comentou. "É preciso fazer um debate minucioso com a população antes de começar um estudo técnico", reforça o parlamentar.
IMPACTOS NEGATIVOS
Para a deputada Zilá, o RS precisa estar preparado para usufruir as oportunidades que as hidrelétricas proporcionam, na tentativa de diminuir, ao máximo, os impactos negativos que as obras poderão provocar.
segunda-feira, 4 de abril de 2011
OS DIREITOS DOS ATINGIDOS POR BARRAGENS*
Ao centro da foto James Cameron, Diretor do filme Avatar, participando de ato público em defesa dos direitos dos atingidos organizado pelo MAB, em setembro de 2010, em Brasília. (Foto de: Leandro Silva)
Em 30 de março de 2006 o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH), após diversas denúncias sobre desrespeito aos direitos dos atingidos por barragens e de criminalização dos defensores dos direitos humanos, encaminhadas pelo MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens), determinou a criação de uma Comissão Especial para estudar essas denúncias. O CDDPH é um orgão do Estado brasileiro, equivalente a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) e a Comissão de Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas).
O conselho tem competência para promover inquéritos, investigações e estudos, bem como, receber representações sobre denúncias de violação dos direitos da pessoa humana, apurar sua procedência e tomar as providências cabíveis, sempre tomando como referência as leis e normas estabelecidas em nossa Constituição Federal e a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948).
A Comissão Especial “Atingidos por Barragens” foi efetivamente instituida pela Resolução CDDPH Número 26, de agosto de 2006. Em seu trabalho a comissão recebeu denúncias de violação de direitos em 74 projetos de barragens e selecionou sete casos para estudo específico, contemplando as cinco regiões do país. Entre os anos 2006 e 2010 a comissão especial realizou amplo processo de coleta de informações, ouvindo todas as partes envolvidas e realizando visitas de campo e estudo de diversos documentos.
Em uma de suas principais conclusões o texto é categórico ao afirmar que “os estudos de caso permitiram concluir que O PADRÃO VIGENTE de implantação de barragens tem propiciado de maneira recorrente GRAVES VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS, cujas conseqüências acabam por acentuar as já graves desigualdades sociais, traduzindo-se em situações de miséria e desestruturação social, familiar e individual”. A íntegra dos relatórios desses estudos pode ser acessada em: http://www.direitoshumanos.gov.br/conselho/pessoa_humana/relatorios
Ou seja, um estudo oficial, conduzido pelo Estado, constata que existe um padrão, uma regra geral, nos processos de construção de barragens. Essa regra é o desrespeito aos direitos das famílias e comunidades atingidas. Foi constatado que são 16 os direitos violados. Entre eles, destacamos os seguintes: direito de acesso à justiça e a razoável duração do processo judicial; direito à justa negociação, tratamento isonômico, conforme critérios transparentes e coletivamente acordados; direito à plena reparação das perdas.
Ainda que sejam 16 no total, somente com esses três exemplos, em se mantendo o padrão apontado pelo estudo, podemos antever o que ocorrerá em nossa região, caso prevaleça o atual estado de passividade e conformismo. Não haverá acesso adequado a justiça, não haverá negociação justa e não haverá plena reparação das perdas.
Alguns poderiam afirmar que isso é exagero e alarmismo. O fundamental, nesse caso, onde não podem permanecer dúvidas, é que a regra existente nos processos de construção de barragens é a da violação e desrespeito aos direitos dos atingidos. Essa não é uma afirmação minha, é uma constatação do Estado brasileiro! Certamente exagerado tem sido o desrespeito às famílias e às comunidades camponesas que vem ocorrendo no Brasil, de norte a sul, nos processos de construção de barragens.
Diante disso cabem algumas questões: será que esse padrão de desrespeito será mantido na construção das barragens na região Celeiro e Missões? Quais serão os direitos dos atingidos efetivamente respeitados? Quais serão os violados? Serão os mesmos 16? Talvez menos, ou mais? Sinistra banca de apostas!
Já existem alguns indícios preocupantes, que nos permitem vislumbrar como será o tratamento dispensado ao conjunto dos atingidos pelas barragens de Garabi e Panambi. Um dos direitos sistematicamente desrespeitados, segundo o estudo mencionado, é o direito a informação e a participação.
Pergunto: em quais bibliotecas públicas da região estão os 23 volumes de papel com o conjunto dos estudos realizados pela ELETROBRAS/EBISA sobre o potencial e viabilidade das barragens no Rio Uruguai? Foram produzidos resumos e sínteses desses materiais para a informação da população? Quantas reuniões informativas e de discussão foram feitas com as comunidades e famílias atingidas?
Parece que não começamos muito bem, pois aí está o primeiro direito desrespeitado, o direito a informação e a participação. Certamente, se não houver reação e organização das famílias e comunidades atingidas, logo saberemos qual será o segundo, terceiro, quarto, (...) de seus direitos desrespeitados. Será que chegaremos aos 16?
*Vanderlei Franck Thies
BARRAGENS NO RIO URUGUAI*
A questão energética tem ocupado amplos espaços nas pautas sociais nesse último período. Sem dúvida o tema da energia é estratégico e ocupa espaço privilegiado em qualquer debate mais consistente sobre desenvolvimento. Em nossa região, recentemente houveram fortes movimentações em torno do tema dos biocombustíveis e mais recentemente inicia-se, ou urge iniciar, uma discussão mais ampla sobre a instalação de mega represas no Rio Uruguai e suas implicações.
O tema das represas no Rio Uruguai, em seu trecho compartilhado entre Brasil e Argentina, tem sido tratado pelos governos nacionais desses países como uma das pautas prioritárias. Nas instâncias governamentais nacionais amplos estudos estão em curso, sobre a viabilidade dessas obras, porém em nível regional impera a desinformação e a impossibilidade da participação nas discussões relacionadas a configuração e às implicações destes projetos.
Sabe-se que o mapeamento do potencial hidrelétrico da Bacia do Rio Uruguai foi iniciado nos anos de 1960 e 1970. Naquele período, apontava-se a possibilidade de instalação de 25 grandes represas, sendo três delas bi nacionais (Roncador, Garabi e São Pedro). Atualmente as estatais ELETROBRAS (Brasil) e a EBISA (Argentina) realizaram a atualização dos estudos desse potencial, por meio de um novo Inventário Hidrelétrico.
Nessa fase de inventário foram supostas e estudadas diversas possibilidades de localização e de tamanhos de barragens. Depois essas alternativas foram comparadas entre si, com objetivo de verificar as mais viáveis, considerando custos de implantação, benefícios energéticos e impactos socioambientais. Para o desenho dessas distintas alternativas foram utilizados dados secundários, complementados com alguns estudos de campo, considerando informações cartográficas, hidrometeorológicas, energéticas, geológicas e geotécnicas, socioambientais e de possibilidades de uso da água. O estudo compreendeu um trajeto de aproximadamente 725 km do Rio Uruguai, que vai da foz do Rio Peperí-Guaçu até a foz do Rio Quaraí.
Segundo informações fornecidas pela ELETROBRÁS/EBISA, em novembro de 2010, de 24 alternativas estudadas preliminarmente, foram selecionadas duas possibilidades de obras, sendo GARABI, que ficaria a aproximadamente a 6 km rio abaixo da cidade de Garruchos, com nível máximo de água de 89m em relação ao nível do mar e também PANAMBI, a aproximadamente 10 km rio acima de Porto Vera Cruz, com nível de 130m. Juntos, os lagos dessas represas inundariam 96.960 ha e a construção de ambas representaria um custo superior a 5,2 bilhões de dólares. Trata-se portanto de obras gigantescas.
Diante desse quadro muitas perguntas podem e devem ser feitas. Muitas perguntas precisam ser respondidas sobre os impactos econômicos, ambientais e sociais dessas mega obras, como por exemplo: quais os parâmetros e critérios utilizados para a seleção dessas alternativas? E, principalmente, porque é negado às comunidades a possibilidade de opinar nesse processo? Do ponto de vista técnico, possivelmente um tecno-burocrata responderia, preconceituosamente, que se trata de questões técnicas complexas, que as comunidades não teriam condições de compreender, subestimando a inteligência local e tratando-nos como idiotas. Do ponto de vista político, responderiam que as comunidades serão consultadas posteriormente, em outra etapa. Quando, antes de fechar a represa e formar o lago? Depois que as questões centrais estiverem decididas? Que sentido teria, nesse caso, participar apenas para referendar as questões estruturais e poder decidir apenas sobre os detalhes?
Poderiam argumentar que sem energia ninguém vive, uma obviedade que apenas na aparência poderia assumir contornos de argumento irrefutável em favor das barragens. Muitas outras justificativas, como a de que essa é a contribuição da região para o desenvolvimento nacional poderiam ser invocados. Aí sim, nos aproximamos de questões que são preliminares e fundamentais.
Mais do que localização e tamanho, parece-me que precisamos discutir a perspectiva do desenvolvimento que pretendemos e diante disso como essas barragens se inserem, ou não, no contexto regional e nacional.
Precisamos discutir o modelo energético brasileiro, energia para que, para quem e a que custo. Precisamos discutir uma proposta de desenvolvimento para a região missões e celeiro e nesse momento isso implica discutirmos também o modelo energético. Mas isso é tema para outro texto e é preciso espaços e possibilidades para aprofundar esses temas. Seguiremos nas próximas edições.
*Vanderlei Franck Thies
Engenheiro Agrônomo, especialista em Sociologia e em Economia Política. Atualmente é mestrando em Políticas Sociais na Universidade Nacional de Misiones – Argentina e Assessor de Projetos no Sul do Brasil e Norte da Argentina da Heifer Internacional. Email: vftc2@hotmail.com
terça-feira, 29 de março de 2011
Coomplexo de Garabi inundará 70 mil hectares
As hidrelétricas de Garabi e Panambi (Complexo Garabi), previstas para o trecho do Rio Uruguai na divisa com a Argentina, alagariam uma área de mais de 70mil hectares, maior do que a área prevista para ser inundada por Belo Monte.
Região do Parque Estadual do Turvo, na fronteira com o Corredor de Misiones, Argentina.
Além disso, o aumento na largura e profundidade do rio, gerado pelo lago da barragem, poderia dificultar o fluxo gênico entre o RS e a Argentina, onde existe o Maior Corredor da Mata Atlântica de Interior (Misiones – Alto Uruguai) que liga o P. E. do Turvo ao Parque Nacional de Iguaçu. Sabe-se que hoje muitos animais cruzam o Rio Uruguai, principalmente nas épocas em que os níveis estão mais baixos, e que o Corredor de Misiones é uma importante área fonte de biodiversidade para o parque. Portanto, caso houver um impedimento de passagem devido ao grande lago formado, poderá ocorrer um processo chamado de depressão endogâmica (acasalamento entre indivíduos cada vez mais aparentados), acarretando a extinção local de espécies, já que, por terra, o parque está isolado devido à existência de monoculturas de soja.
Outro aspecto seria o comprometimento da fauna de peixes, acarretando na perda de estoques pesqueiros de mais de 3 mil famílias de pescadores (informações do Prof. Dr. Rafael Cruz -UNIPAMPA). Dados do http://www.noagarabi.com.ar informam que aproximadamente 30mil pessoas seriam atingidas somente com a hidrelétrica de Garabi (excluindo Panambi).
As autoridades afirmam que o Salto do Yucumã, uma das Sete Maravilhas do RS, maior salto longitudinal do mundo, não seria alagado pela hidrelétrica. Levando em consideração que a cota máxima do lago da barragem estaria num nível de apenas 4 metros abaixo do Salto, o risco que se corre é muito alto. E mesmo que o Salto do Yucumã não seja totalmente inundado, como afirma o governo, parte dele pode ficar debaixo d’água, já que ele atinge os 12 metros de altura, comprometendo sua beleza cênica.
Jussara Cony teria assumido que perda de parte do Parque Estadual do Turvo, em decorrência da hidrelétrica de Garabi, seria fato irreversível…
Informações locais de Derrubadas (RS) dão conta de que a Secretária Jussara Cony, quando em visita ao Parque Estadual do Turvo, no dia 25 de fevereiro de 2011, manifestou-se como certa a perda de parte da área natural da maior e mais importante unidade de conservação de âmbito estadual, em decorrência da Hidrelétrica de Panambi. Mas teria garantido que “podemos conviver com a geração de energia através de recursos hídricos e preservar a natureza”. Segundo jornal eletrônico de Tenete Portela (http://fpop.com.br/2011/02/portico-no-parque-florestal-do-turvo-tem-investimento-de-1-110-milhoes/), quando esteve ao lado de prefeitos locais anunciando obras na área de visitação desta unidade, próxima ao Salto do Yucumã, teria ”tranqüilizado” a todos, com base nas informações do Ministério de Minas e Energia, que pelo menos o Salto não desapareceria.
A secretária da SEMA teria garantido, entretanto, que a secretaria acompanhará atentamente o andamento dos estudos de impacto ambiental e de finalização do projeto das Hidrelétricas. “No dia 18 de março haverá uma reunião em Buenos Aires e nos faremos presentes. O governador Tarso Genro, a quem represento, me pediu muita atenção a este processo”, disse a Secretária Jussara Cony.
É importante lembrar que os projetos de hidrelétricas do rio Pelotas-Uruguai deveriam obedecer o estudo de Avaliação Ambiental Integrada, exigência do Termo de Compromisso de Barra Grande (ver aqui), finalizado pela UNIPAMPA em 2010, apontando a necessidade de Áreas Livres de Barramentos e que não vê viabilidade de conservação da biodiversidade que sobrou na região com a construção de todos os empreendimentos hidrelétricos previstos pelo PAC.
O Movimento Ambientalista do RS pede moratória, há mais de 10 anos, às hidrelétricas da bacia do rio Uruguai até que se façam os estudos de zoneamento necessários de suas áreas de maior relevância de proteção e de seus impactos socioambientais. Inclusive é fato de que os grandes projetos na bacia do rio Uruguai, na sua quase totalidade, são de 1979, e deveriam ser revistos sob a luz da Constituição (1988), da Convenção da Diversidade Biológica (1992) e das demais leis que protegem a Mata Atlântica (1994, 2006) e as Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade (MMA, 2007).
Misiones dice: NO A GARABÍ!
Do lado Argentino, na província de Misiones, a população está muito mais atenta e mobilizada contra os impactos desses empreendimentos. Manifestações estão sendo realizadas e em uma semana a campanha coletou mais de 6mil assinaturas, e continua coletando mais!
NO a la represa de Garabí
• Que NO inunden nuestros pueblos
• Que NO enfermen a nuestros hijos
• Que NO nos mientan más
• Que NO destruyan lo que Dios creó
• Que NO nos engañen, ya sabemos lo que es un represa
Mais informações nas páginas:
No a Garabí
Misiones dice: No a Garabí
Río Uruguay Libre
Ya dijimos no
Represa Garabí ¿Sí o No?
Agência Da Hora
segunda-feira, 28 de março de 2011
Prefeitos alertam que Salto do Yucumã já está encoberto por barragens
por Carlos André Echenique — 24/03/2011
Alteração do volume de água no Rio Uruguai ocasionado pelas barragens de Fóz do Chapecó e Itá fazem o nível do rio subir abruptamente em poucas horas. Consórcio da Rota do Yucumã está fazendo abaixo assinado pedindo esclarecimentos do governo federal
Convocado pelo Consórcio Rota do Yucumã que congrega 33 municípios, a iniciativa buscou discutir o ritmo do desenvolvimento da exploração do turismo na região. Além dos prefeitos e secretários, o evento contou com a presença da Secretária Estadual do Turismo, Abgail Pereira. Entre os pronunciamentos de louvor a beleza ao Salto do Yucumã e do Parque Estadual do Turvo, uma área de preservação de 19 mil hectares que abriga as últimas seis onças pintadas do Rio Grande do Sul, havia entre as autoridades a certeza de que muito ainda há a de ser feito para melhorar a infra-estrutura do local e fomentar sua divulgação no país e internacionalmente. Porém, logo após a apresentação da Secretária Estadual de Turismo, quando foi aberta para perguntas do público foi colocada a questão crucial colocada em discussão pelo presidente da Associação dos Vereadores dos Municípios da Região Celeiro (ACAMRECE).
- Estamos muito preocupados com a questão das barragens que já existem e as que estão em projeto para o Rio Uruuguai. Estamos discutindo o turismo, mas a nossa principal atração já está sendo afetada - afirmou Gildo Martens, vereador do município de Derrubadas, onde está a sede do Parquie Estadual do Turvo.
A questão foi estratégicamente evitada pela secretária de Turismo. Abgail Pereira, ressaltou em sua fala de aproximadamente 45 min a sustentabilidade do desenvolvimento que a Rota quer promover, deixando também o seu posicionamento em relação ao respeito das belezas naturais, tema que foi mais energicamente debatido na parta da tarde na mesa de discussões, sem a presença da secretária que foi levada para conhecer o Salto do Yucumã. Mas ela não viu nada. Apesar de um período de mais de três semanas sem chuva nas cabeceiras do Rio Uruguai e de seus principais afluentes, o nível do rio está acima do normal.
A secretária limitou-se a falar da importância do turismo para região e para o estado, porém ressaltou o baixo investimento nessa área, inclusive na secretaria do estado. Outro ponto que Abgail destacou, foi que o grande impulso no turismo a nível de Rio Grande do Sul e Brasil deve ser no “turismo rural”, tão pouco explorado e o que desperta o interesse de turistas da Europa e de outras partes do mundo.
Dispostos a passar para uma cobrança mais efetiva, o prefeito de Derrubadas Almir Josér Bagega encaminhou via Roat do Yucumã um abaixo assinado cobrando explicações sobre problemas que já acontecem hoje em relaçãoi a visibilidade do Salto do Yucumã. Bagega alertou que os guardas parque e os moradores Ribeirinhos do Rio Uruguai relatam que em questão de horas o nível do rio sobe, submergindo o Salto do Yucumã.
- Lançamos um abaixo assinado pedindo explicações sobre o impacto que o Salto do Yucumã vem sofrendo com a construções das barragens. O governo federal diz que não há impacto, mas qualquer um pode ver com seus próprios olhos o impacto que ocorre depois que a barragem de Foz do Chapecó começou a funcionar - alertou Bagega.
O presidente da Rota do Yucumã, Osmar Kuhn também fez uso da palavra para cobrar das autoridades federais mais rigor no cumprimento da legislação ambiental.
- O que propomos é decidir que ritmo e o desenvolvimento que queremos tomar para nossa região! Porque as obras de barragens podem destruir a natureza? Os pequenos tem um tratamento e os grande outro - cobrou Khun.
Especialistas alertam para a necessidade de definição de projetos de longo e médio prazo
O professor Paulo Weissbach, do Instituto Federl Farroupilha em sua palestra foi mais enérgico e direto ao ponto, questionado o poder público e o poder privado em relação a o que realmente se quer e até onde se quer desenvolver a região da Rota do Yucumã. Comparando a potencialidade turística da região as Cataratas do Iguaçú e a Cascata do Caracol, ambos fortes e desenvolvidos pontos turísticos do Sul do país. Levantando as problemáticas o professor sugeriu uma série de ações que deveriam ser discutidas seriamente dentro dos membros da Rota do Yucumã para que o primeiro seminário não fosse em vão, entre elas o planejamento de estratégias dentro da rota, o desenvolvimento dos projetos buscando também procurar esses turistas e também o avaliar se o que encontramos hoje, em 2011, era realmente o que foi planejado no passado. Paulo também colocou a sua visão da missão do evento: “construir compromissos pautados entre poder público, iniciativa privada e de entidades de apoio ao turismo do RS”, além de lançar a projeção Rota do Yucumã 2011/2030, o que deveria se pensar para um período a médio e longo prazo.
O 1º Seminário de Turismo da Rota do Yucumã aconteceu no Clube Recreativo Comercial por uma promoção do Consórcio Rota do Yucuma que congrega 33 municípios, sendo os 21 da região Celeiro mais 12 da Amuplan em parceria com o município de Tenente Portela e Emater-RS e contou com o apoio da Amuceleiro, Amuplan, Corede Celeiro e Acamrece e faz parte do plano de ação da rota do yucumã.
Carlos Dominguez e Fábio Pelinson / Da Hora
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Deputados já sabem do risco!
Projeto de hidrelétricas no rio Uruguai ameaça Salto do Yucumã, alerta Basegio
Da tribuna, o deputado Dr. Basegio (PDT) abordou o temor vivido por 21 municípios da região Celeiro e 33 municípios que integram a Rota do Yucumã, todos ameaçados pela construção das barragens de Panambi e Garabi, no rio Uruguai. O tema foi debatido pela Associação dos Municípios da Região Celeiro, no sábado (20), presidida pelo prefeito Clairton Carboni, de Tenente Portela.
Conforme relatou o parlamentar, um dos temores dos prefeitos é a ameaça de desaparecimento do Salto do Yucumã, a maior queda longitudinal do mundo, com 1.800 metros de extensão, localizado no Parque Estadual do Turvo, em Derrubadas, o primeiro parque criado no Rio Grande do Sul (1947), na fronteira com a Argentina.
“Em caso de construção de hidrelétrica no rio Uruguai, vai atingir diretamente o Salto do Yucumã, que ficaria submerso”, observou Dr. Basegio. De acordo com o projeto das duas hidrelétricas, o nível do rio poderá subir até quatro metros, fazendo desaparecer o Salto do Yucumã e inundando centenas de hectares de mata nativa.
O Salto do Yucumã registra mudanças desde a entrada em funcionamento da hidrelétrica Foz do Chapecó, com alterações no nível do rio Uruguai. Conforme o Jornal Província, as primeiras mudanças no volume de água foram percebidas na divisa entre Barra do Guarita e Itapiranga, no ano passado. As autoridades de Derrubadas estão apreensivas com a situação das cataratas, encobertas pelas águas há mais de duas semanas.
Durante os debates, os deputados, prefeitos e vereadores assumiram compromisso de abordar a construção de hidrelétricas, importantes para a região, mas preservando os interesses dos municípios da região Celeiro e dos 33 municípios que integram a Rota do Yucumã.
Presidente da Comissão de Participação Legislativa Popular, o deputado Basegio anunciou que este será a primeira pauta da comissão.
“É importante trazermos esta discussão para o Legislativo, para que possamos juntos avaliar algumas questões”, ressaltando o aspecto do lado argentino, que também será bastante prejudicado.
Coronel Bicaco
Destacou, ainda, a realização do 32º Rodeio Criou de Coronel Bicaco, que reuniu grupo de tradicionalistas na região Celeiro. Também estiveram no evento os deputados Dionilso Marcon, Jerônimo Goergen, Edegar Pretto e Zilá Breitenbach, além de representantes dos deputados Adroaldo Loureiro e Gerson Burmann.